Brasília poderá ficar com a abertura da Copa do Mundo de 2014 se o impasse no financiamento do estádio do Corinthians não for resolvido nas próximas semanas. A crise nas obras do Itaquerão já chegou ao governo federal que, nos próximos dias, convocará uma reunião de emergência entre o presidente do Corinthians, a Odebrecht, Andrés Sanchez, o prefeito Fernando Haddad e até o governo estadual de São Paulo. A meta é a de tentar salvar o projeto, no que seria a última cartada.
Mas, no Palácio do Planalto, funcionários de alto escalão do governo de Dilma Rousseff revelaram que a possibilidade de Brasília ser a nova sede da abertura já é falada abertamente pela cúpula do governo e pelos organizadores do Mundial.
Para as autoridades, há muito em jogo nessa crise: a imagem do Brasil, prejuízos com contratos já assinados e mesmo custos para compensar a quebra de acordos. Nos últimos dias, o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, tratou do assunto com o presidente da Fifa, Joseph Blatter, e com o secretário-geral Jérôme Valcke. Aldo teria prometido que uma solução seria encontrada.
Mas pessoas próximas ao ministro garantem que ele não esconde a preocupação com a falta de financiamento e a possibilidade real de transferir a abertura para Brasília. Andrés Sanchez, ex-presidente do clube e hoje responsável pelo Itaquerão, afirmou nesta semana que é preciso receber o empréstimo do BNDES "em poucas semanas" para manter o cronograma das obras do estádio. "Chegamos no limite", disse.
O BNDES já liberou o dinheiro, que seria repassado pelo Banco do Brasil ao Corinthians e Odebrecht. O problema é que a construtora não quer dar seus ativos como garantia para receber o dinheiro do BNDES, conforme exige o banco. E o Corinthians, por ser um clube, não pode receber o empréstimo diretamente. Dentro do governo, já se fala inclusive na possibilidade de que, sem a abertura da Copa, o estádio do Corinthians nem sequer seja utilizado no Mundial.
A exclusão do Itaquerão não teria apenas consequências para a Copa. O Corinthians poderia acabar pagando caro. Isso porque o governo federal havia dado isenções tributárias de quase R$ 90 milhões na compra de material de construção para as obras. Mas a condição era de que o local fosse usado no torneio. Caso isso não ocorra, o contrato seria violado e o Corinthians teria de devolver aos cofres públicos o dinheiro da isenção.
Nesse cenário, quem aparece com força é Brasília. Os autores da obra do Estádio Nacional sempre tiveram em mente a possibilidade de que o local fosse usado na abertura e, de fato, será o palco do primeiro jogo da Copa das Confederações, em junho. A arena ainda cumpre as exigências da Fifa para receber um jogo de abertura.
Agora já estão atuando nos bastidores para garantir que, se o projeto do Itaquerão fracassar, a capital federal seja escolhida para substituir São Paulo. "Brasília já deu sinais claros de que está disposta a assumir o papel de abertura da Copa", declarou um alto funcionário do governo.
A Fifa não quer nem ouvir falar em mudar uma vez mais o calendário e ainda aguarda uma definição para São Paulo. Mas não descarta que, se a crise não for resolvida, o jogo de abertura simplesmente terá de mudar de local.
A mudança não precisaria ocorrer no calendário da Copa, mas apenas no local da primeira partida. A Copa começa no dia 12 de junho, uma quinta-feira. Pela agenda, o primeiro jogo em Brasília ocorreria no dia 15, tempo suficiente para deixar a grama descansar. Outro jogo que poderia passar para Brasília seria a semifinal (9 de julho), originalmente programada para São Paulo.
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