O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse nesta manhã que o governo brasileiro tem todo interesse de apurar ilícitos venham de onde vier. A afirmação foi feita em resposta a questionamento sobre a possibilidade de as investigações envolvendo a Fifa respingarem na Copa do Mundo realizada no Brasil ano passado.
"A Polícia Federal, que nos últimos anos tem se notabilizado por uma postura absolutamente republicana, também o fará (investigação envolvendo Copa do Mundo do Brasil). Portanto, vamos ter clareza: não importa onde ocorreu ilícitos. Não importa que tipo de contratos ou pessoas envolvidas, a apuração será, sim, feita", disse. "Essa é a determinação do governo e é a determinação da lei, que será cumprida pela Polícia Federal", acrescentou.
Cardozo disse não poder comentar sobre a existência de inquéritos na Polícia Federal que investiguem o uso de recursos ou contratos relacionados à Copa do Mundo no Brasil. "Se houver inquéritos abertos, não posso comentar, porque eles correm em sigilo", explicou.
Ao mesmo tempo, avaliou ser possível que crimes possam ter ocorrido no Brasil e tenham de ser investigados pela Polícia Federal. Por isso, inquéritos deverão ser abertos contra dirigentes envolvidos no escândalo. "A Polícia Federal abrirá inquéritos, fará investigações rigorosas sobre isso", adiantou Cardozo na manhã desta quinta-feira.
O ministro disse também que o governo brasileiro ainda não decidiu se pedirá ou não o retorno de José Maria Marin, ex-presidente da CBF, preso durante a operação do FBI na Suíça. O primeiro passo a ser dado, informou, será fazer uma análise detalhada sobre os documentos reunidos até o momento. "Vamos analisar os fatos antes de qualquer definição", disse. "Qualquer afirmação agora seria precipitada", completou.
O governo brasileiro, de acordo com o ministro da Justiça, ainda não pediu documentos reunidos durante as investigações feitas pelo FBI. "Para que eu possa pedir documentação, eu tenho de ter convicção da existência de ilícito que dê competência para autoridades brasileiras instaurarem inquérito. Somente aí, farei essa solicitação." Ele acrescentou que a primeira etapa, neste momento, é investigar os fatos.
Cardozo afirmou ainda que na tarde desta quinta deverá ter uma reunião com o Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, para traçar uma estratégia conjunta para investigar o caso em profundidade e com a rapidez necessária.
"A população brasileira exige que isso seja colocado em pratos limpos e a colaboração do governo brasileiro será feita com autoridades e, em havendo indício de prática de ilícitos perante a legislação brasileira e de órbita federal, agiremos. É interesse do Brasil que tudo se esclareça", disse.
Nesta quarta-feira, operação deflagrada pelo FBI e pela Justiça da Suíça, em Zurique, resultou na prisão de Marin, ex-presidente da CBF, e mais seis dirigentes da Fifa. No total, 18 pessoas estão envolvidas no caso. A investigação aponta para, entre outros ilícitos, possível corrupção na escolha das sedes das Copas do Mundo de 2018 na Rússia e de 2022 no Catar.
Os sete dirigentes presos podem ser extraditados para os Estados Unidos. Eles foram banidos pela Fifa, assim como outros quatro membros envolvidos com o escândalo - nesta quinta, o presidente da Traffic Sports USA também foi suspenso.
O caso atinge a CBF que, segundo as investigações, tem um histórico de cobranças de propinas de empresas e redes de televisão na negociação de transmissão de competições, como a Copa do Brasil.
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