Catar define projeto de primeiro estádio da Copa de 2022

Leonardo Maia
17/11/2013 às 18:36.
Atualizado em 20/11/2021 às 14:12

Tempo e dinheiro não faltam ao Catar, em sua preparação para a Copa do Mundo de 2022. O Supremo Comitê do país (o comitê organizador local) apresentou no último sábado, mais de oito anos antes da competição, o desenho do primeiro estádio a ser erguido, na cidade de Al Wakrah, a poucos quilômetros da capital Doha. As obras começarão já no fim do ano que vem e a entrega está prevista para 2018.

O que falta ao Catar é espaço físico e credibilidade internacional. Cada apresentação, cada conversa com os jornalistas, cada avanço em sua preparação para a Copa servem ao propósito de mostrar que o desejo de sediar um Mundial de futebol não se trata de um devaneio de xeques e reis com muitos dólares no bolso e pouco lugar onde gastá-los.

Repetidas vezes, o secretário-geral do Supremo Comitê, Hassan Al Thawadi, bateu numa tecla com a qual os brasileiros, às voltas com a organização da Copa de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016, estão mais do que acostumados. "Tudo foi pensado a partir do legado que ficará para o país", disse o dirigente.

O discurso é o mesmo sempre que o tema volta à discussão. Segundo o secretário-geral, a Copa é um mecanismo para incentivar a diversificação da economia do país, integralmente dependente do petróleo e do gás. Com o Mundial, espera-se um crescimento do turismo e de setores de tecnologia de última geração na área da construção civil.

Al Wakrah é uma cidade ancestral que fica a apenas 15 quilômetros ao sul de Doha. Sua economia rústica girava em torno da pesca e da extração de pérolas do Golfo Pérsico. Inspirados nos tradicionais "dhows", os barcos dos pescadores, os arquitetos desenharam o estádio revelado no sábado e que ficará a poucos minutos de distância de muitas das outras arenas a serem erguidas para a Copa de 2022.

"Elefante branco" não é um termo local, mas o conceito é compreendido pelos organizadores, que se esforçam em evitar o assunto. "Pensamos muito sobre como essas instalações serão usadas depois de 2022", garantiu Al Thawadi, que falou sobre as transformações no sistema de transporte público, com a construção de um metrô ligando Al Wakrah a Doha.

"O projeto (do estádio e seu entorno) foi muito bem planejado para servir à Copa, mas sem prejuízo do objetivo futuro de servir à vida esportiva da cidade", argumentou o arquiteto Jim Heverin, diretor do escritório contratado para fazer o design da arena, que contará até mesmo com estruturas em madeira no teto, para se assemelhar ao casco de um barco antigo.

Ao longo de 2014, os trabalhos de seis estádios vão iniciar, com a finalização dos desenhos e a assinatura de contratos. Apesar de o número total de sedes ainda não estar definido pela Fifa. "O estádio de Al Wakrah é apenas o início da entrega de todas as promessas que fizemos (à Fifa e ao mundo)", reforçou Al Thawadi, sempre preocupado em mostrar que a decisão de levar o Mundial pela primeira vez ao Oriente Médio foi acertada, e não meramente fruto de questões políticas ou financeiras.

Num país sem restrições ao gasto e com poucos problemas sociais para resolver, os organizadores se recusam a falar de custos e orçamentos. "O mercado dirá quanto cada estádio vai custar", disse o secretário-geral. Mas a estimativa geral é de gastos na casa dos US$ 5 bilhões apenas com as arenas e seu entorno.
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