Cento e trinta conselheiros do Cruzeiro tentam revogar afastamento de Itair Machado

Guilherme Piu
26/07/2019 às 18:16.
Atualizado em 05/09/2021 às 19:43
 (Vinnicius Silva/Cruzeiro)

(Vinnicius Silva/Cruzeiro)

Após grupo de associados e conselheiros do Cruzeiro conseguir na Justiça o afastamento do vice-presidente de futebol Itair Machado de suas funções, outros membros do Conselho Deliberativo celeste tentam inverter a decisão do desembargador Octávio de Almeida Neves, da 12ª Câmara Cível de Belo Horizonte. 

Segundo apurou o Hoje em Dia, 130 conselheiros pedem na Justiça a revogação do afastamento de Itair Machado. A reportagem teve acesso ao documento com a solicitação desse pedido de revogação do afastamento. Assinam a solicitação, dentre outros, o ex-presidente do clube César Masci, o ex-presidente do Conselho Deliberativo Wilmer Santa Luzia e Benecy Queiroz Junior, filho do atual supervisor adminitrativo do clube, Benecy Queiroz. 

"Os intervenientes são todos conselheiros do Cruzeiro Esporte Clube, com direito a voto, e nesta condição entendem que a liminar de afastamento do Vice Presidente Executivo Itair Machado de Souza, fere os estatutos da entidade, e causa ao clube prejuízos de ordem administrativa política e até mesmo financeira, em face da competência e capacitação que o citado diretor já demonstrou ao longo dos anos na administração do clube, e até mesmo em sua trajetória profissional", diz o texto do pedido ao desembargador da 12ª Câmara Cível. 

No dia 10 de julho, 31 conselheiros, dentre esses o ex-presidente Gilvan de Pinho Tavares, pediram na Justiça o afastamento do vice-de futebol e tiveram a solicitação prontamente atendida. No mesmo dia em que o processo foi protocolado o desembargador decidiu pelo afastamento. 

De acordo com uma fonte, a tentativa dos 130 conselheiros é de mostrar ao jurista que o próprio Estatuto do Cruzeiro pode, sem a necessidade da intervenção da Justiça, resolver essa questão que tem Itair Machado como protagonista. O dirigente é, assim como outras 14 pessoas, investigado por por supostas irregularidades em transferências de jogadores, lavagem de dinheiro, falsificação e documentos e falsidade ideológica.

"Seu afastamento sem observância aos princípios da ampla defesa e contraditório, como se demonstrou na própria peça de Agravo Interno, visto jamais ter havido sentença definitiva condenatória por crime doloso contra o mesmo, requisito específico constante da letra “a”, do inciso IV, do artigo 30 do estatuto. Tal situação também fere a liberdade e a autonomia de vontade de todos os Conselheiros com direito a voto no Conselho Deliberativo, que ora requerem a condição de assistentes, na defesa dos interesses do clube, pois o ato judicial que ora se pede a reforma, traz ainda um aviltamento explícito da vontade esmagadora dos Conselheiros da entidade, e não de uma pequena minoria que ajuizou o feito originário em primeiro grau e também o Agravo de Instrumento", diz outra parte do documento. 

Divisão no Conselho

A briga judicial travada por conselheiros do Cruzeiro mostra como o Conselho Deliberativo do clube está dividido. Entretanto, a ala da posição é que tem, internamente, vencido os embates. Foi assim na eleição que elegeu o novo Conselho Fiscal.  

E os conselheiros que tentam o retorno de Itair Machado, que teve até o seu perfil retirado do espaço "Departamento de futebol" do site oficial do Cruzeiro, afirmaram na petição que se sentem 'plenamente representados' pelo dirigente. 

"Assim sendo, torna-se evidente o interesse dos requerentes em intervir no processo, pois o resultado da demanda poderá advir-lhes prejuízos, mormente na condição de Conselheiros com direito a voto, que respondem pelos destinos da centenária instituição chamada Cruzeiro Esporte Clube, até porque, se sentem plenamente representados pelo ora assistido", mostra outra parte da petição protocolada na 12ª Câmara Cível de Belo Horizonte. 

Todas as partes

Procurado, Itair Machado afirmou que não comentará nenhuma situação na Justiça, até por que "está respeitando todas as decisões judiciais e desportivas". 

Já o ex-presidente do Cruzeiro, Gilvan de Pinho Tavares, que assinou o pedido de afastamento, comentou a tentativa de defesa com o apoio de outros conselheiros. 

"Não tomei conhecimento do processo em si, mas soube que havia um funcionário da diretoria angariando assinatura mediante promessa de ingressos. E que esse funcionário teria conseguido esse número de assinaturas para defender o itair. Mas ele é subordinado ao dirigente, é normal também o Itair querer se defender. Vamos esperar para ver o que acontece", disse o ex-presidente. 

Clique para ver parte do documento assinado por 130 conselheiros que apoiam Itair MachadoReprodução / N/AReprodução 

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