Choques sofridos por Tiago Luís e Arrascaeta alertam sobre perigos da concussão

Felippe Drummond Neto
fneto@hojeemdia.com.br
06/05/2016 às 18:24.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:18
 (Reprodução/Sportv/ESPN)

(Reprodução/Sportv/ESPN)

Em menos de uma semana o futebol mineiro presenciou dois casos de atletas que sofreram choques na cabeça e foram substituídos após caírem inconscientes no gramado. Conhecido como concussão cerebral, o caso, apesar de ser uma realidade incomum no futebol, é um problema que a cada dia chama mais a atenção de médicos e das principais ligas esportivas do mundo.

O primeiro caso do ano aconteceu com o atacante do América, Tiago Luís. Na partida contra o Red Bull Brasil, pela Copa do Brasil, na quinta-feira (28), ele teve um choque de cabeça com um adversário e caiu desacordado em campo, sendo substituído imediatamente. Três dias depois, no primeiro jogo da final do Campeonato Mineiro, ele voltou a sentir tonturas, não completou nem os 45 minutos iniciais e foi para o hospital, onde ficou sob observação.

Já, na última quinta-feira (5), foi a vez do uruguaio Arrascaeta, do Cruzeiro, ser substituído após um choque. Após colidir com um jogador do Campinense-PB, o meia passou pela mesma angústia de Tiago Luís. Segundo médicos, ambos os casos foram exemplos de concussões.

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Em bom português, concussão cerebral nada mais é que um trauma leve sofrido pelo cérebro, através de um impacto externo na cabeça, que causa o movimento do órgão dentro do crânio e causa lesões nas fibras cerebrais.

Apesar das imagens chocantes, o jogador que sofre uma concussão volta ao normal pouco tempo depois, como explica o neurologista Leonardo Dornas.

“Os sintomas de uma concussão tendem a durar menos de 30 minutos e envolvem amnésia do evento, cefaléia, tonteira, náusea/vômito, confusão mental e sonolência. Entretanto, a duração pode variar dependendo do trauma e da própria pessoa; usualmente não há sequelas”, explica o neurologista.

Descuido
Porém, ao contrário do que muitos pensam, o maior risco não envolve a pancada nem o o desmaio sofrido pelos jogadores. O que realmente preocupa é a possibilidade de uma nova colisão na cabeça. Conhecido como Síndrome do Segundo Impacto, ela pode inclusive levar a pessoa a óbito. E foi exatamente este o risco que Tiago Luis correu.

Apesar de ser sofrido a concussão na quinta-feira, o atleta não recebeu nenhum impedimento médico e foi escalado pelo técnico Givanildo Oliveira dois dias depois para o primeiro jogo da final do Campeonato Mineiro contra o Atlético, no último domingo (1). Tudo aconteceu por que o médico da equipe, Celso Furtado, não estava em Belo Horizonte.

“Eu estava em um Congresso Médico da CBF, onde inclusive o assunto concussão foi muito debatido. Só voltei para Belo Horizonte no Domingo e foi quando eu tive conhecimento do acontecido pouco antes da partida. Como o jogador não se queixou de nada para ninguém ele entrou em campo normalmente”, conta o médico americano.

Um outro risco é que a concussão não se manifesta, e só reaparece após um forte esforço físico. Logo no início da partida, Tiago se sentiu mal. Com tontura e dores na cabeça acabou sendo substituído e levado diretamente para o hospital para fazer exames.

“O paciente deve ser submetido a uma avaliação neurológica e exame de imagem do crânio, como tomografia computadorizada e/ou ressonância magnética, para avaliação da presença ou não de lesões visíveis no cérebro, além de outros mecanismos e tipos de traumas, como contusões, hematomas e fraturas”, explica Dornas.

Mesmo assim, é normal que os exames não apontem nenhuma lesão, como foi o caso do atacante americano. “Apesar de os exames dele terem dado normais, pelos sintomas que ele apresentou podemos concluir que se trata de uma concussão. Por isso, o jogador ficou em repouso por três dias, e só voltou a treinar na quarta-feira, sendo que foi aumentando dia a dia a carga física, acompanhado de perto por mim. Até o dia da partida ele pode ser vetado caso volte a apresentar algum sintoma como dor de cabeça ou tontura”, relata Furtado.

Apesar de ainda ser uma lesão nova entre os jogadores de futebol, já existe um protocolo internacional para o tratamento das concussões. “O mais importante que o jogador ou a pessoa que sofre uma concussão tem que passar é ficar em período de observação nas primeiras 24 horas. Mesmo assim reações cerebrais, sobretudo edema, podem ocorrer de 3 a 5 dias após o impacto. Por isso é importante se manter um tempo afastado de atividades físicas de alto rendimento e ou com muito contato físico”, avisa o neurologista.

E é exatamente assim que o Cruzeiro vai agir. Nesta sexta-feira (6), os médicos já garantiram que Arrascaeta está fora do confronto contra o Londrina, na próxima semana, pela segunda fase da Copa do Brasil. O jogador ainda não tem data de retorno, apenas a garantia de que o clube seguirá o Protocolo de reabilitação com retorno gradual e acompanhamento médico em tempo integral.Reprodução/Internet

Concussão é um termo que define a perda transitória de consciência secundária a um trauma craniano

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