Cinco meses de atraso salarial e debandada de atletas desafiam nova diretoria

Henrique André - Hoje em Dia
16/08/2015 às 09:09.
Atualizado em 17/11/2021 às 01:22
 (Luiz Costa)

(Luiz Costa)

“Quem falou que o Villa morreu, se enganou / O Villa não morreu e nem morrerá.” A estrofe do hino do Leão do Bonfim, um dos clubes mais tradicionais de Minas Gerais, traduz o pensamento da nova diretoria para livrar o clube de uma situação herdada de comandos passados.
 
De acordo com o novo presidente do alvirrubro, Nélio Aurélio, a situação no Leão é caótica. Eleito no início do mês, o dirigente busca soluções urgentes para pagar os cinco meses de salários atrasados e evitar que o clube acumule mais ações trabalhistas.
 
“Até agora não tem previsão de quando quitaremos. Daqui alguns dias posso pagar um mês atrasado, no máximo”, admite o mandatário, que espera a chegada de dois patrocinadores já engatilhados que devem investir cerca de R$ 100 mil no Leão até o fim do ano – só a folha salarial do clube é de R$ 70 mil mensais.
 
“O Villa não tem horizonte nenhum de visibilidade publicitária atualmente”, comenta o presidente.
“A verdade é que hoje aceitamos o que quiserem pagar”, acrescenta ele.
 
Enquanto os vencimentos não são quitados, jogadores fazem uma pífia campanha na Série D do Campeonato Brasileiro, com quatro derrotas em quatro jogos – a partida de ontem contra o Gama ocorreu após o fechamento desta matéria.
 
Funcionários antigos do Villa lutam para colocar comida em casa. Para se ter ideia, pessoas com mais de 15 anos de clube, como massagistas, cozinheiras e auxiliares, negociam com credores e contam com a colaboração de amigos e familiares para deixar as contas em dia em casa.
 
Em conversa com a reportagem de Hoje em Dia, uma funcionária contou que teve a luz de casa cortada e precisou de ajuda para ter o serviço novamente. Outra, com o mesmo problema, comentou que para se manter recebe uma ajuda de R$ 200 dos dois filhos. Ambas recebem cerca de 1,5 salário mínimo do Villa Nova.
 
Outra dificuldade vivida pelo Villa é em relação aos talentos formados em casa. Até o início desta semana, nenhum jogador das categorias de base tinha contrato com o clube. A consequência era a falta de controle sobre os atletas.
 
Registro
 
Há cerca de dez dias, por exemplo, o meia Rafael Dodô, umas das revelações do Leão, juntou os pertences e foi em busca de outro destino. Procurado pelo clube para nova tratativa, ele não foi encontrado.
 
Por isso, para evitar uma debandada, a diretoria agiu e registrou 11 dos principais atletas pratas da casa. O atacante Paulinho, uma das esperanças de gols, está entre eles.
 
Profissionalização é palavra de ordem nas novas diretrizes
 
Tornar-se um clube organizado e com todos os setores profissionalizados é a principal intenção do centenário Villa Nova. Buscando atingir tal objetivo, a diretoria do pentacampeão mineiro (1932/33/34/35 e 51) fez uma parceria com a empresa Meio di Campo, especializada em gestão esportiva.
 
O diretor executivo da empresa, Alberto Simão, já atua no clube de Nova Lima e traz no currículo os bons trabalhos realizados no América e no Tupi.
 
Até o momento, o novo parceiro do Villa já avançou as tratativas com novos patrocinadores (um do ramo farmacêutico e outro de TV por assinatura), e melhorou a alimentação e a hidratação dos atletas. Para se ter ideia, os jogadores não tinham isotônicos e nem frutas para consumir durante as atividades. O almoço também era pobre em opções.
 
Outra ação da empresa foi bancar os salários de nove novos jogadores, com o intuito de “terminar dignamente a caminhada na Quarta Divisão nacional”. Entre eles estavam os experientes Valter Minhoca, Alan Taxista, Michel Cury e Luizinho. Porém, Minhoca não suportou a má campanha do time e resolveu pendurar as chuteiras.
 
Sem sucesso na Série D, devido a falta de tempo para entrosar a equipe, o foco é começar bem 2016, com o clube mais organizado.

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