Antes de entrar em processo de hibernação, o Urso-Pardo adota um regime variado, com frutas silvestres, insetos e salmão. Mas, nenhum alimento consegue superar o sabor do mel. No Atlético, o Urso da camisa 9 está longe do descanso, e a fome de gols é saciada de maneiras diferentes. Entretanto, é na mais doce cobrança de bola parada que o atacante Lucas Pratto se satisfaz.
Na penalidade máxima, o atacante do Galo é letal. Diante da Ponte Preta, hoje, às 19h30, no Independência, ele busca o quinto gol consecutivo de pênalti. No Brasileirão, ele já balançou as redes dessa forma em cinco ocasiões.
E, nem adianta o goleiro Marcelo Lomba tentar estudá-lo para achar um padrão na escolha dos cantos. O sucesso de Pratto está na imprevisibilidade.
Artilheiro do Atlético na temporada, com 22 gols, o argentino virou o terror dos goleiros na marca da cal, com 100% de aproveitamento. Em nenhuma delas houve repetição, sendo que o chute forte é a característica do atacante.
“Eu tento trocar o lado, pois os goleiros já estão me conhecendo, venho cobrando muitos pênaltis. O mais importante é que a bola saia com força para o goleiro não ter muita reação”, afirma o jogador.
Se a análise for ampliada para os tempos de Vélez Sarsfield, da Argentina, onde Lucas também foi goleador, ele não errou nenhuma penalidade nas últimas três temporadas. No total, são 12 gols de pênalti, com direito a variação de altura, canto e até espaço para uma cavadinha sutil contra o San Lorenzo, antes de o time do Papa Francisco ser campeão da Libertadores, no ano passado.
Pratto deixou o santista Ricardo Oliveira disparar na artilharia do Brasileirão e, se não fossem os pênaltis, a diferença de sete gols que separa os dois seria maior. Os últimos quatro tentos do argentino foram no tiro de onze metros. Ele deveria ter marcado também contra o Sport, mas já tinha sido substituído quando Thiago Ribeiro correu para a bola e diminuiu a vergonha em Recife.
A última vez que o atacante marcou de bola rolando foi diante do Palmeiras, há dois meses, de cabeça. Naquela partida, inclusive, o goleiro Fernando Prass também escolheu o canto errado no gol que decretou a virada atleticana.
NATURALIZAÇÃO
O técnico Levir Culpi evidenciou a rivalidade entre os países como obstáculo, a burocracia brasileira dificulta e as regras da Fifa, mais ainda. Porém, a naturalização brasileira segue com a chama acesa na cabeça de Pratto. O atacante segue de fora da lista do técnico da seleção argentina Tata Martino, e o seu empresário, Gustavo Goñi, segue com a ideia aberta.
“Essa situação não está definida ainda”, afirma o representante de Pratto, que só poderia ser convocado para defender o Brasil em 2020, aos 32 anos.