A Copa São Paulo de Futebol Júnior de 2014 ainda corre risco de ser boicotada por vários clubes, em protesto contra o que consideram ser atitude antiética do São Paulo - estaria aliciando jogadores das categorias de base. Uma reunião nesta segunda-feira na sede da Federação Paulista de Futebol (FPF) terminou sem acordo e novo encontro será marcado para tentar evitar o esvaziamento o torneio.
A revolta dos clubes - Corinthians, Palmeiras, Santos, Ponte Preta, Flamengo, Fluminense, Vasco, Botafogo e Vitória, entre outros - já vinha há algum tempo e tornou-se pública na semana passada, quando o clube de Campinas acusou o São Paulo de aliciar o goleiro Lucão, de 15 anos. Segundo a Ponte Preta, Lucão foi levado para o São Paulo sem nenhuma consulta. Dirigentes do clube tricolor teriam conversado apenas com parentes do jogador e com seu empresário.
A partir daí, surgiu a ideia de boicotar a Copa São Paulo e na manhã desta segunda representantes dos clubes descontentes se reuniram na sede do Botafogo, no Rio de Janeiro, e decidiram informar oficialmente a FPF da disposição de não participar do torneio.
A federação, então, resolveu agir para tentar apagar o incêndio e marcou rapidamente a reunião ocorrida no início da noite. Estiveram presentes, entre outros dirigentes, o vice-presidente da entidade, Reinaldo Carneiro Bastos, além de representantes de sete clubes - entre eles Corinthians, Ponte Preta, Palmeiras e Fluminense. O São Paulo também mandou representante, além de seu diretor jurídico. Não houve acordo. A FPF tem pressa para tentar solucionar o impasse e uma nova reunião com os clubes será agendada nos próximos dias.
O São Paulo se defende e afirma que jamais agiu à margem da legislação e da ética. "Todas as transferências ou contratações de atletas, tanto os profissionais como aqueles em formação, realizadas pelo São Paulo são feitas em absoluto respeito às disposições legais que regulam a matéria", disse o clube por meio de nota.
Também alega que paga para contratar jogadores da base. E garante que a única exceção se dá quando a família de um atleta procura o São Paulo alegando que ele se encontra em situação irregular no clube em que está jogando. Seria este o caso de Lucão, que estava na Ponte Preta desde os 11 anos.
Mas a insatisfação dos rivais contra os métodos do São Paulo é antiga. Em março, 13 clubes já haviam reclamado do comportamento do time tricolor. E o clube acabou excluído da Taça Belo Horizonte de Juniores, realizada em agosto e setembro, e da Copa 2 de Julho, em julho, na Bahia.
SOBROU PARA LUCÃO - Pivô da revolta dos clubes contra o São Paulo, o goleiro Lucão acabou cortado da seleção brasileira sub-17 que disputará o Mundial nos Emirados Árabes Unidos. O corte foi elogiado pelo técnico René Simões, que já foi coordenador das categorias de base do São Paulo. "Isso (o corte de Lucão) tem que ser parabenizado. A CBF tem que ser a protetora dos clubes. Isso já tinha sido definido na época do Ney Franco na CBF. Qualquer atleta em litígio não seria convocado", disse.
René Simões falou que os clubes não estão contra a entidade São Paulo e sim contra alguns dirigentes do clube, que estariam aliciando jovens de outros clubes.