(LEO BARILLARI)
Tite recebe cópia da capa do Jornal da Tarde de 2 de abril de 1984 e, com cara de espanto, arregala os olhos e diz: "Nossa, como eu era magro". À época jogador da Portuguesa, ele teve uma foto sua estampada na capa do jornal após marcar, aos 25 minutos do primeiro tempo, o gol mais bonito da goleada por 4 a 1 sobre o Brasil, de Pelotas (RS), pelo Campeonato Brasileiro. Na verdade, foi o gol mais bonito da rodada. "Foi o gol do Fantástico. A bola sobrou para mim e bati de primeira", orgulhou-se o treinador do Corinthians.
Tite relembrou daquele golaço após a vitória do Corinthians por 2 a 0 sobre a Portuguesa, na última terça-feira, pelo Campeonato Paulista, no Itaquerão. Nesta sexta, ganhou reprodução do jornal que destacou o seu feito. "Vou enquadrar e dar de presente para a minha mulher. A Rose é que vai gostar. A história dessa foto é muito bonita", contou.
Na época, os dois ainda namoravam e Rose estava nas arquibancadas do Canindé. "Eu falei para ela: Se fizer um gol, vou mandar um beijo para você. Na hora foi tanta emoção, que eu corri desesperado para o lado errado. Quando dei a volta e mandei o beijo para a Rose, o fotógrafo estava bem na minha frente". Ao olhar mais atentamente para a foto, Tite se lembra do filho Matheus, hoje auxiliar técnico do Caxias. "Estou a cara dele. É igualzinho".
Há outro detalhe interessante daquela partida. O técnico do Brasil, de Pelotas, era Luiz Felipe Scolari, em início de carreira. "Naquela época, a gente se falava e depois do jogo eu fui dar um abraço nele. Ele virou para mim e disse: Abraço o c..., sai pra lá. Foi engraçado".
Aquela goleada sobre o Brasil, de Pelotas, eliminou o time gaúcho e classificou a Portuguesa para a próxima fase do Nacional em um quadrangular que também contava com Internacional e Flamengo. Os dois eram amigos, mas em 2011, quando Felipão estava no Palmeiras e declarou que perderia um clássico para só salvar o emprego do colega, os dois romperam relações.
O treinador se recorda com carinho dos tempos em que defendia a Portuguesa. Tem a escalação na ponta da língua: Éverton; Mauro, Zequinha, Leís e Odinei; Beto, João Batista e Heriberto; Marinho Rã, Ramirez e Tite. "A gente tinha um timaço. Vocês mesmo da imprensa diziam que a Portuguesa era o melhor time de São Paulo. Melhor do que Corinthians, Palmeiras..."
Outra recordação do treinador é da sempre exigente torcida da Portuguesa. "O clube tinha mais de 100 mil sócios. Se a gente perdia um jogo, a Leões da Fabulosa (principal torcida organizada) já queria cortar o meu pescoço".
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