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A palavra reconstrução, muito difundida entre torcedores e dirigentes do Cruzeiro, faz muito sentido em 2020. Dilacerado por más gestões anteriores, o clube apresentou, como revelado pela própria diretoria, déficit de quase R$ 260 milhões somente nos cinco primeiros meses deste ano. E com uma dívida que pode bater em R$ 1 bilhão, a atual temporada virou crucial para a vida da instituição.
"Hoje, nosso grande desafio é sobreviver a este agora (este ano), a este segundo semestre e ao primeiro semestre do ano que vem, equalizando essas dívidas, e colocando as dívidas de acordo com nosso potencial de captação de receita. A gente, por exemplo, assume o clube no dia 1º de junho com receita zero de patrocínio. A gente tem o ano do centenário que vem para negociar em patamares maiores os patrocínios. Na Série A, vamos ter direitos de TV maiores, vamos ter essas propriedades digitais. E temos ideias estruturadas, conversamos com fundos que vem apresentando soluções. Com a taxa Selic com esse patamar, está todo mundo tirando dinheiro de banco e procurando novas formas de monetizar. A gente estuda com diversos fundos para isso", falou Sérgio Rodrigues em transmissão ao vivo para responder perguntas de torcedores.
Na mesma live, na manhã desta sexta-feira (11), o presidente fez também uma análise sobre o momento financeiro e administrativo do Cruzeiro.
Rodrigues comentou que o trabalho da atual gestão é controlar os débitos do Cruzeiro e torna-lo pagável dentro do novo fluxo de caixa do clube. Há negociações em curso para resolver problemas com a Justiça do Trabalho, por dívidas fiscais e tributárias com a União, o que o presidente ponderou ser vital para as pretensões futuras a curto, médio e longo prazo.
"Nós temos R$ 130 a R$ 150 milhões em passivo trabalhista. Disso, R$ 70 milhões são do Fred. Isso significa que eu vou ser condenado a pagar R$ R$ 70 milhões? Não. Existem algumas questões quando a gente pega a parte trabalhista, a gente recebeu o pessoal da Justiça do Trabalho, a gente caminha para o 'ato trabalhista', que a gente pega a dívida e coloca dentro do fluxo de caixa e, assim, será possível o Cruzeiro pagar. Na área fiscal, a mesma coisa, o Corinthians fez um acordo com o PGFN, e isso está no nosso radar. Com os credores privados, isso também está caminhando. Então eu acho, o grande problema não é o tamanho da dívida, é o perfil da dívida. O Flamengo ainda tem R$ 550 milhões de dívidas. Mas ela é equalizada de forma que eles recebem e pagam. A gestão do (Eduardo) Bandeira de Mello (ex-presidente do Flamengo) no segundo ano fechou no superávit. Hoje, o nosso desafio é conseguir fazer isso”, explicou.
Questionado por um torcedor especialista em gestão sobre medidas urgentes e “grandes” para quitar as dívidas do clube, o presidente considerou sobre a venda de imóveis.
"Existe planejamento (de vender) imobiliário? Existe sim. Conseguimos a aprovação da venda da Campestre e acho que será necessário fazer de outros imóveis no futuro. O Cruzeiro não tem necessidade de ter todos os imóveis, mas é uma coisa que a gente tem que discutir internamente", ponderou.
O responsável pela cadeira presidencial da Raposa ainda citou que um dos trabalhos que podem salvar o Cruzeiro é o de base, com revelação e venda de jogadores.
“Outra opção para pagar as contas é a venda de jogadores. "O Cruzeiro é o time com jogadores Sub-23 com a maior minutagem (minutos jogados), isso é ativo. O Athletico-PR vendeu R$ 250 milhões em jogadores. Acho que a gente tem esse potencial, ainda mais com esses atletas jogando, meninos que têm jogos pela Série A, convocações para a seleção de base, com baita capacidade de venda. Isso com o dólar e o euro neste patamar. Com uma venda, Athletico-PR, Grêmio e Flamengo fazem R$ 100 milhões, um décimo da nossa dívida total. Acredito muito no potencial desses meninos e acredito que eles vão servir para a gente equalizar a dívida do Cruzeiro", comentou.