(Ricardo Goulart)
Ricardo Goulart se mudou para Guangzhou há menos de um ano. Foi o suficiente para se adaptar às 11 horas de diferença no fuso horário, à exótica gastronomia oriental e, de maneira ainda mais natural, ao futebol asiático. Falta agora se acostumar ao difícil idioma e à inesperada condição de principal estrela do time de maior investimento no bilionário Campeonato Chinês. A prova de fogo será amanhã (17), às 8h30, contra o todo-poderoso Barcelona, na semifinal do Mundial de Clubes.
Jogando ao lado do volante Paulinho e do atacante Robinho, contratados com status de grandes craques, Goulart não se intimidou. Com o discurso “mineirinho” e a mesma eficiência dos tempos de Cruzeiro, o atacante chega ao Japão para o torneio da Fifa com a bagagem cheia de títulos e prêmios individuais, incluindo o de melhor jogador da Ásia em 2015, vencendo a concorrência com Thiago Neves, Aloísio, Everton Ribeiro e Diego Tardelli, entre outros.
“Não tenho que pensar nisso. Todos os prêmios que recebi foi graças ao trabalho coletivo do time. Sozinho, ninguém consegue nada no futebol”, desconversou o artilheiro da Liga dos Campeões da Ásia em conversa com o Hoje em Dia, direto do Japão.
O desafio contra um clube pentacampeão europeu e bicampeão mundial será tão grande quanto o número de holofotes voltados para Yokohama no confronto mais tupiniquim deste Mundial. Uma oportunidade única para o ex-cruzeirense roubar a cena entre os oito brasileiros relacionados para a partida, especialmente com a ausência do lesionado Neymar.
Mais do que a heroica vaga na final, está em jogo a chance de ser visto pelo técnico Dunga. Coincidência ou não, o camisa 11 não é convocado para a Seleção Brasileira desde que trocou o futebol mineiro pelo chinês, apesar das taças e estatísticas.
“Meu pensamento é fazer um bom trabalho no Guangzhou. A Seleção será uma consequência. Não vi ninguém falando sobre essa decisão (não convocar jogadores atuando em mercados emergentes). Sempre ouço o Dunga falar que todos podem chegar à Seleção. O Mundial é a prova de que todos os jogadores podem ser vistos, independentemente de onde estiverem atuando", ameniza o atacante de 24 anos.
*Colaborou Frederico Ribeiro
Invencibilidade de 29 jogos anima azarões
O apoio da esposa Diane e dos colegas brasileiros foi fundamental para a adaptação à China. “A diferença cultural é grande, mas já estamos entendendo e acostumando. O mais complicado mesmo é a língua, mas o clube disponibiliza um intérprete, e isso diminui um pouco as dificuldades no dia a dia”, revela.
Por outro lado, Goulart e os companheiros já estão mal-acostumados com as conquistas. Inspirado nos feitos recentes de Corinthians, Internacional e São Paulo no Mundial, o time mais brasileiro do torneio tenta não se assustar com o badalado Barcelona.
“Temos sempre que pensar no coletivo e no que o Guangzhou pode fazer. Sabemos das dificuldades, mas trabalhamos muito e estamos preparados”, avalia Goulart, que não balançou a rede, mas teve boa atuação na suada vitória por 2 a 1 sobre o América-MEX, na fase anterior.
Apesar do imenso favoritismo, o Barça vem de três partidas sem vitória, duas delas desde a lesão de Neymar. O Guangzhou, por sua vez, sustenta uma invejável invencibilidade de 29 jogos, um deles em amistoso contra o temido Bayern de Munique, em julho, com vitória por 5 a 4 nos pênaltis após empate em 0 a 0 no tempo normal.
O último revés do time de Luiz Felipe Scolari, à época comandado pelo italiano Fabio Cannavaro, foi na derrota por 2 a 1 para o Seongnam FC (Coreia do Sul), em 20 de maio, pela Liga dos Campeões da Ásia.