(Daniel Garcia)
Ninguém empolgou tanto nesta Copa do Mundo quanto a Colômbia. Se no início do torneio os comandados de José Pékerman eram olhados com desconfiança, após perderem Falcao García, seu jogador-chave, agora os “cafeteros” mostram que conseguem ir muito além de seu protagonista.
O segredo para o sucesso está no meio-campo. James Rodríguez é um armador nato. Um típico camisa 10 que consegue aliar a tomada de decisão com a visão de jogo, modelando a partida à sua maneira. Como bônus, traz a agilidade de um meia-atacante. Ao seu lado, está Cuadrado, um ponta à moda antiga. O número 11 dos cafeteros é um atleta agudo, que dá trabalho a qualquer defesa por sua velocidade e dribles curtos.
Para chegar a bola aos dois, Pékerman conta com Aguilar e Sanchez, dois bons volantes comprometidos com a saída de bola em velocidade na zona central. Pelos flancos, aparecem Zúñiga e Armero, laterais que, como se diz no futebol, “são mais rápidos que notícia ruim”.
A criação de jogadas em velocidade é uma grande virtude dos cafeteros. Porém, também traz suas consequências defensivas. Rodríguez e Cuadrado não são meias que costumam ser voluntariosos na marcação. Apenas dão combate na faixa central do campo, o que sobrecarrega a dupla de cabeças de área.
Não bastasse a fragilidade para cercar o perímetro, a defesa colombiana está longe de inspirar confiança. Com dois laterais ofensivos, não é difícil achar brechas pelos lados. No miolo, Yepes mostra liderança, mas não possui agilidade para acompanhar atletas de alto nível. Assim, fica encarregado de dar o primeiro bote, contando com a cobertura de Zapata, um beque forte, que impõe respeito em qualquer adversário.
Para tentar compensar a fragilidade na contenção, Pékerman trouxe um pouco de disciplina tática aos atletas. A equipe marca por zona, sob pressão, tentando roubar a bola ainda no campo de ataque. Se tem sucesso, é certeza de um contra-golpe mortal. Se o adversário consegue ultrapassar a barreira, é bom começar a torcer para que Ospina esteja em um dia inspirado.
Retrospecto
Um dos principais alentos para os brasileiros no duelo desta sexta-feira (4), no Castelão, é que a Seleção Canarinho tem um retrospecto amplamente favorável autuando em seus domínios. Em nove jogos, foram seis vitórias e três empates, com 23 tentos marcados e apenas quatro sofridos. Porém, os dois últimos encontros terminaram sem gols.
No retrospecto geral, a disparidade também é grande. Foram 25 duelos entre as seleções disputados até hoje. Desses, o Brasil venceu 15 confrontos, contra dois triunfos dos colombianos. Oito partidas terminaram empatadas. Nos gols, a diferença também é alta. O ataque canarinho balançou as redes 55 vezes, enquanto o “amarillo” só deixou sua marca em 11 oportunidades.
Raio X
Esquema tático: 4-4-2 (variando para 4-2-3-1, com Teófilo Gutiérrez caindo pelos flancos)
Provável escalação: Ospina, Zúñiga, Zapata, Yepes, Armero; Sánchez, Aguilar, Cuadrado, James Rodríguez; Teófilo Gutiérrez e Jackson Martínez. Técnico: José Pékerman
Ponto forte
Criação. Pékerman conseguiu fazer de seu meio-campo um dos mais perigosos do planeta graças à variedade de características. Seus dois volantes, Aguilar e Sánchez, costumam ter boa saída de jogo, o que dá dinâmica ao setor de armação, composto pelo ágil Cuadrado e pelo espetacular James Rodríguez. Além dos meias, o treinador conta com o auxílio constante de Zúñiga e Armero, dois rápidos laterais que possuem como principais características a condução da bola e o toque rápido. É bom ter cuidado.
Ponto fraco
A zaga. Mario Yepes é um líder nato. Porém, os 38 anos nas costas não permitem que ele tenha sucesso no mano a mano com atacantes rápidos. É nessa que Hulk e Neymar podem fazer a diferença. Principalmente se Fred puxar a marcação de Zapata, que costuma fazer sua sobra. Não bastasse isso, os laterais são ótimos no apoio, mas não costumam ajudar os beques dos “cafeteros”. Pode estar ali a “mina”.
O cara
James Rodríguez, óbvio. Destaque da Copa do Mundo, até então, o camisa 10 da “amarilla” é um dos jogadores raros no futebol contemporâneo. James alia seu ótimo domínio de bola com o poder de decisão na armação de jogadas. O meia também tem qualidade no passe curto e nos chutes de média distância. Um perigo.
Retrospecto em Copas do Mundo
Participações - 5
Melhor colocação – Quartas de final em 2014
Jogos – 17
Vitórias - 7
Empates - 2
Derrotas - 8
Gols pró - 25
Gols contra - 25
Artilheiro – James Rodríguez (2014) – 5 gols
Quem mais jogou – Carlos Valderrama (1990, 1994 e 1998) e Freddy Rincón (1990, 1994 e 1998) – 10 jogos
Como chegou ao Brasil
Segunda colocada nas Eliminatórias Sul-americanas, com a melhor defesa do qualificatório
Campanha nas eliminatórias
Jogos - 16
Vitórias - 9
Empates - 3
Derrotas - 4
Gols pró - 27
Gols contra – 13