Entrevista

Conheça o mineiro Vinícius Eutrópio, técnico da seleção de futebol de Brunei, na Ásia

Natural de Mutum, ele tem extenso currículo no futebol brasileiro e sul-americano

Angel Drumond
esportes@hojeemdia.com.br
13/01/2025 às 08:45.
Atualizado em 13/01/2025 às 10:00
 (Arquivo Pessoal)

(Arquivo Pessoal)

O treinador Vinícius Eutrópio, de 58 anos, entra para a lista de brasileiros que comandam seleções no exterior. Natural de Mutum (MG) e com um extenso currículo no futebol brasileiro e sul-americano, ele é técnico da Seleção de Futebol de Brunei, país localizado no sudoeste asiático. No país, ele é acompanhado pelo auxiliar técnico Felipe Sampaio, o preparador físico Solivan Dala Valle e o técnico da seleção bruneína de futsal, Rúbio Guerra.

O local de trabalho de Eutrópio é um pequeno e rico país na ilha de Bornéu, com apenas 449 mil habitantes, onde a economia é impulsionada pela exploração de petróleo e gás natural. Brunei, cuja capital é Bandar Seri Begawan, destaca-se por sua biodiversidade, com florestas e montanhas que encantam visitantes, além de uma cultura marcada pela convivência entre os idiomas malaio e inglês. O desafio do técnico é contribuir para o desenvolvimento do futebol local e ajudar a seleção a conquistar posições mais expressivas no cenário regional e no ranking da FIFA.

Com um histórico que inclui passagens por 20 equipes e experiências no futebol europeu e árabe, Vinícius Eutrópio acumula títulos e aprendizados ao longo de sua trajetória. Como jogador, foi um volante que defendeu equipes como Figueirense, Criciúma e Juventus de Jaraguá do Sul. Já como técnico, começou sua carreira no Ituano, em 2009, e integrou a comissão técnica de Carlos Alberto Parreira no Fluminense antes de assumir como treinador principal. Atualmente, também é professor da CBF Academy, onde forma novos técnicos há mais de uma década.

Agora, como contou em entrevista ao Hoje em Dia, a missão de Eutrópio será levar um pouco do estilo e da tradição do futebol brasileiro para o sudoeste asiático, ampliando a troca cultural e esportiva entre os dois países.

(Arquivo Pessoal)

(Arquivo Pessoal)

Quais foram os principais desafios que você enfrentou ao assumir a Seleção de Brunei e como tem lidado com a estrutura do futebol local?

A principal dificuldade que eu encontrei foi o curto tempo de trabalho. Fiz um contrato inicialmente três meses e com a data FIFA inclusa, então tivemos que ampliar o trabalho com a análise dos clubes. Fizemos a análise dos treinamentos sobre a qualidade dos jogadores das categorias sub-20 e sub-17 da seleção e a partir daí começamos a inserir o trabalho. Cheguei com um planejamento todo pronto, mas que foi adaptado a realidade que eu encontrei no país. 

Como você enxerga o potencial dos jogadores de Brunei e o que pode ser feito para que o país se torne mais competitivo no cenário internacional?

Vi um potencial muito bom entre jogadores. Sempre digo que o mundo inteiro tem bons jogadores, depende do estímulo e do nível de investimento que você vai ter no esporte. Então, vejo com bons olhos, gostei do que eles apresentaram para mim. Já teve uma evolução muito grande, um estímulo muito grande que nós demos para eles. Eles responderam e vejo que, seguindo um planejamento a médio e curto prazo, rapidamente eles podem subir no ranking da FIFA. 

Qual é a sua visão sobre a implementação de cursos de qualificação para treinadores locais e como isso pode impactar o futebol em Brunei a longo prazo?

Acho fundamental todo profissional se qualificar e principalmente de forma oficial. É um dos planejamentos e uma das propostas de trabalho para elevar qualificação. Já começamos a fazer com os treinadores das categorias de base. Agora o planejamento futuro é fazer com os treinadores das equipes profissionais, não só de Brunei, mas das ligas próximas também. Um profissional com qualificação, é como um bom professor na escola, ele gera vários bons alunos, e o legado e a evolução fica muito maior. 

De que maneira a limitação de quatro estrangeiros por clube influencia o desenvolvimento da liga local e a formação de jogadores em Brunei?

Acredito que quatro jogadores para liga é um bom número porque estimula o aproveitamento dos atletas locais. Então, o país precisa produzir atletas locais, para suprir essa necessidade. Os quatro estrangeiros têm que ser escolhidos a dedo para que possam também elevar o nível da liga de Brunei.

Você mencionou o desejo de criar uma seleção permanente. Quais são os passos necessários para tornar esse projeto uma realidade e quais seriam os benefícios para a seleção?

Sim, falei para eles que nós tínhamos vários caminhos, mas o caminho dentro da realidade e de todo o contexto que vi em Brunei seria uma criação de uma liga local. Isso seria um passo que se estenderia um pouco mais. Vou dar um exemplo: os jogadores seriam treinados por mim nos três primeiros dias da semana e eu teria o auxílio e o apoio dos treinadores locais. Não só melhoraria o potencial dos atletas como também fortaleceria a categoria, além da capacidade dos treinadores locais. A liga local automaticamente também se fortaleceria, então é um benefício muito grande.


Quais aprendizados da sua carreira no Brasil você tem aplicado no trabalho com a Seleção de Brunei e como tem adaptado essas experiências ao contexto asiático?

A experiência no Brasil é vasta porque o país é imenso com costumes e climas diferentes. O Sul tem um clima, jogadores com características diferentes em relação ao Nordeste, tem campeonato da série C, a própria Libertadores. Como é bom! Participei de muitos e isso influencia de uma forma positiva, porque aumenta a capacidade do treinador. Além disso, é fundamental para respeitar a característica cultural, financeira, esportiva e social do país, e aproveitar realmente o que ele tem de bom. Situações diferentes nos auxiliam muito.

Como mineiro, o que está achando do atual momento do futebol no estado e os principais times de MG?

Vejo com muitos bons olhos, porque a concorrência está sendo positiva. Então, ela eleva muito o nível, não só das contratações, como da estruturação dos clubes, da chegada das Saf’si, inclusive em clubes do interior. Você viu o Athletic se promover na Série B. O Itabirito vem aí com força, tem o Tombense, Uberlândia voltando, o Vila Nova que é tradicional e vários outros times. O Pouso Alegre está tentando se manter. O Betim vem forte, junto com os três da capital: Cruzeiro, Atlético e América que são uma potência, com grandes contratações. O América não subiu, mas com certeza vai se reestruturar com a chegada da SAF. Atlético e Cruzeiro sempre foram muito fortes. Um ano que promete muito pros mineiros eu como mineiro fico feliz com tudo que está acontecendo, é uma concorrência pra subir no sarrafo.

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