(Bruno Haddad/Cruzeiro)
Bruno Haddad/Cruzeiro
Wagner Pires de Sá teve revelados gastos pessoas com o cartão corporativo do Cruzeiro no período em que foi presidente do clube
A crise cruzeirense segue vivendo seus momentos de pico. E desde o dia 17 de abril o clube tem sido balançado com uma série de fatos e denúncias que mostram estar longe de um final a situação.
Da expulsão de conselheiros que receberam do clube na gestão Wagner Pires de Sá ao uso do cartão corporativo por dirigentes para gastos pessoais, os bastidores celestes vivem dias de muita agitação.
Confira o dia a dia da crise cruzeirense:
17 de abril
O Hoje em Dia revela que o presidente José Dalai Rocha assinou a expulsão de 30 conselheiros que prestaram serviço remunerado para o clube na gestão Wagner Pires de Sá, o que é proibido pelo Estatuto desde outubro de 2015.
Enquanto ele assinava as exclusões, era noticiado que o vice-presidente do Conselho Deliberativo, Paulo Roberto Sifuentes, e o primeiro secretário, Waldeyr Estevão de Paulo, formaram uma comissão eleitoral para o pleito de 21 de maio alegando que fizeram o pedido a José Dalai Rocha, que acumula as funções de presidente do clube e do Conselho Deliberativo, mas que ele não se manifestou.
No mesmo dia, Dalai Rocha anula a comissão formada por eles e garante: “estarrecido com essa bobagem”.
18 de abril
O ato do dia anterior tem forte repercussão. Em entrevista ao Hoje em Dia, José Dalai Rocha garante estar recebendo muitas cobranças pela expulsão de 30 conselheiros.
“Estou recebendo tanta mensagem horrorosa. Perguntando sobre gratidão. Tem de fazer com todos, ou não faço com ninguém. Vamos enfrentar e fazer, enquanto podemos fazer. Foram os atos que mais me doeram assinar. São pessoas de quem gosto, conheço as famílias, em alguns casos, mas o Estatuto é claro que se perde o cargo. Não é uma possibilidade. É uma norma impositiva. Por que essas pessoas fizeram isso?”, revela Dalai.
20 de abril
José Dalai Rocha escreve um artigo em que trata das expulsões. E encerra o documento com a seguinte colocação: “Alguém perto de mim, quando das assinaturas, perguntou por que não excluía os atos “mais polêmicos”, para evitar “reação de gente poderosa. Ou assino todos, ou não assino nenhum, respondi enquanto concluía a dolorosa tarefa que me expõe agora à pancadaria de ‘amigos’”.
21 de abril
Nem na diversão, o torcedor cruzeirense teve paz. O perfil oficial da cerveja Brahma entrou numa zoeira que ficou bastante conhecida no fim do ano passado e que se tornou um dos memes mais fortes na época por causa do rebaixamento do Cruzeiro: o "Fala, Zezé" - alusão a um áudio de Whatsapp enviado pelo meia Thiago Neves, na época jogador da Raposa, ao então gestor do clube Zezé Perrella.
Um outro perfil, o "Se Ficar Puto é Pior", conhecido por brincar e zoar com personagens do futebol no Instagram, publicou um print durante o show dos "Amigos", no Youtube, na noite da última segunda-feira, com uma imagem do cantor Zezé di Camargo na tela. E a legenda da postagem foi sugestiva e que acabou chamando a atenção da Brahma: "Fala, Zezé, boa live, cara".
De tantos engajamentos gerados um desses foi com o perfil da própria Brahma, que respondeu: "Tem como adiantar 60% de É o Amor", publicou.
A postagem do "Se Ficar Puto é Pior" gerou mais de mil comentários e milhares de curtidas.
22 de abril
O Hoje em Dia revela que a Comissão de Ética do Conselho Deliberativo encaminhou questionamento ao ex-presidente Wagner Pires de Sá e seu primeiro vice, Hermínio Lemos, sobre a perda dos direitos econômicos de vários jogadores pelo não pagamento de salários e direitos trabalhistas por mais de 90 dias. Dependendo do andamento do processo, ele pode terminar com a expulsão de ambos do Conselho Deliberativo do clube.
Neste mesmo dia, foi oficializada pelo clube a expulsão dos 30 conselheiros que prestaram serviços e receberam por eles na gestão Wagner Pires de Sá.
23 de abril
Um integrante do Conselho Gestor vaza dados dos cartões corporativos do clube a alguns órgãos de imprensa. Em janeiro de 2019, Wagner Pires de Sá pagou uma viagem ao Sul da Bahia, de quase R$ 14 mil, com o cartão do clube, que ele usou ainda em restaurantes e bares de Belo Horizonte, numa conta que chegou a R$ 86 mil.Vinnicius Silva / Cruzeiro
O chamado "presidente raiz" teve mais uma irregualridade denunciada na sua gestão, que foi o uso de cartão corporativo do clube para pagar viagem de férias, contas em bares, restaurantes e até lojas de departamento e clínica de estética
24 de abril
Os vazamentos do Conselho Gestor seguem. E numa viagem à Espanha, em 2018, Wagner Pires gastou o cartão corporativo do clube numa loja de departamento, além de abusar de restaurantes caros na capital espanhola.
No mesmo dia, o dirigente divulga nota oficial afirmando que “não vê absurdo” no uso do cartão corporativo do Cruzeiro com gastos pessoais.
O clube anuncia ainda que irá promover a suspensão do contrato de trabalho de dezenas de funcionários, em todos os setores, por causa da pandemia do novo coronavírus. A medida é amparada pela MP 936/20, do Governo Federal.
25 de abril
O final de semana do cruzeirense começa com a denúncia, que tem como base mais um vazamento do Conselho Gestor, de que Wagner Pires de Sá gastou R$ 12 mil no cartão corporativo do clube comprando roupas em lojas de marca.