Convite para Armstrong correr percurso da Volta da França irrita dirigentes

Estadão Conteúdo
17/03/2015 às 13:42.
Atualizado em 18/11/2021 às 06:22
 (Franck Fife/AFP)

(Franck Fife/AFP)

Com uma carreira manchada pelo maior escândalo de doping da história do ciclismo, Lance Armstrong foi banido do esporte em 2012. No entanto, seu futuro pode estar ligado novamente à prova que o consagrou com sete títulos consecutivos entre 1999 e 2005, bem antes do episódio que abalou a modalidade. O norte-americano foi convidado a correr parte do percurso da Volta da França um dia antes do pelotão profissional, em um projeto para levantar fundos para pesquisas contra o câncer, chamado "A Volta - Um Dia Antes".

Só que a ideia desagradou profundamente os dirigentes da União Ciclística Internacional (UCI), que não querem o nome de Armstrong ligado novamente ao da modalidade. O presidente da entidade, Brian Cookson, alegou que a Volta da França pode ser minada com a presença do norte-americano e chamou de "desrespeitosa" a iniciativa.

"É um plano desaconselhável. É desrespeitoso com os atuais ciclistas no pelotão, é desrespeitoso com a Volta da França", disse em entrevista à agência de notícias The Associated Press nesta terça-feira (17). "Só o fato de ele estar lá em parte ou todo o evento vai desvirtuar e distrair a atenção da Volta da França em si e dos ciclistas. E justo em meio aos esforços atuais para superar os problemas que o Lance e seus colegas causaram na época."

Apesar da condenação da UCI, a Agência Antidoping dos Estados Unidos (Usada, na sigla em inglês), responsável pela decisão de banir Armstrong do ciclismo pelo resto da vida, não manifestou objeção à iniciativa. Para Cookson nem mesmo o motivo nobre de arrecadar fundos para caridade justifica a possível aparição do ex-atleta. "Eu também escutei esta justificativa ao longo de toda a carreira do Armstrong."

Lance Armstrong sobreviveu a um câncer no testículo em estágio avançado no fim dos anos 90, antes de sua incrível sequência de sete títulos seguidos na Volta da França. Já como ídolo do esporte, fundou a Fundação Livestrong com o objetivo de arrecadar fundos para as pesquisas contra o câncer.

A fundação chegou a ser avaliada em US$ 500 milhões antes do escândalo envolvendo o nome de Armstrong vir à tona. O ciclista foi obrigado a devolver seus títulos na Volta da França e boa parte da premiação que conquistou ao longo da carreira depois de admitir publicamente anos de uso de doping.

Ainda assim, o ex-jogador de futebol inglês Geoff Thomas vê Armstrong como nome forte na luta contra o câncer e, por isso, criou o projeto "A Volta - Um Dia Antes", com o objetivo de angariar cerca de US$ 1,5 milhão para a luta contra a leucemia. De acordo com Thomas, o ex-ciclista foi uma inspiração quando ele próprio venceu a batalha contra a leucemia em 2005.

"Temos entrado em contato constantemente e houve conversas ocasionais no último ano sobre ele possivelmente me ajudar neste ato de caridade. Eu fui vê-lo há algumas semanas, em sua casa em Austin, e ele genuinamente quer ajudar a situação daqueles com leucemia", escreveu Thomas em sua página no Twitter. "Se o envolvimento do Armstrong e meu objetivo de levantar um milhão de libras contra a leucemia ajudarem a salvar mais uma vida, então com certeza só pode ser algo benéfico."
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