Copa de 1970 faz roupeiro mexicano batizar filhos de Edson, Jair e Gérson

Estadão Conteúdo
01/06/2016 às 09:06.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:41
 (Gonçalo Júnior/ Estadão)

(Gonçalo Júnior/ Estadão)

O roupeiro mexicano Raul Vargas Caballero tem uma caixa de papelão em sua sala, que fica guardada embaixo de dezenas de uniformes do Los Angeles Galaxy, clube em que trabalha desde 1996. Esse é o seu tesouro. Ali estão fotografias com celebridades, recortes de jornal e sobretudo lembranças seleção brasileira, a grande paixão de sua vida. Três dos cinco filhos de Raul receberam nomes inspirados em jogadores brasileiros da Copa do Mundo de 1970: Edson, homenagem a Pelé, Jair e Gérson.

Ao longo de grande parte dos seus 59 anos, o roupeiro passou colecionando objetos relacionados à seleção brasileira. Seu xodó é uma bola autografada pelo Rei quando passou pelo Cosmos nos anos 70. Outro objeto que ele quase não deixa a reportagem do jornal O Estado de S. Paulo colocar a mão é um quadro com retratos e autógrafos de grandes jogadores da história do futebol brasileiro. Estão lá Jairzinho, Garrincha, Gilmar dos Santos Neves, Tostão, Edu e por aí vai. "Eu vi os jogos da seleção brasileira pela TV. Era muito caro. Mas aquele jogo bonito me impressionou para sempre", diz o mexicano da Cidade Juarez, Chihuahua. "Meus filhos vivem com essa recordação".

Mais do que isso. Gérson, o filho do meio, também é roupeiro e atua no time B do Los Angeles Galaxy. Os dois praticamente trabalham juntos. Ele conta que sempre tem de explicar a origem do nome, diferente da cultura norte-americana. Não só o nome, mas a reverência pela camisa amarela passou de pai para filho.

Reverência até a página 2. Vargas não sabia que o treino da última terça-feira da seleção brasileira seria realizado no gramado que ele vê diariamente, o StubHub Center. Sua paixão vive mais do passado do que dos tempos atuais. "Ele (Dunga) é um pouco defensivo, né?", pergunta, preocupado em não ofender.

Como o próprio nome indica, roupeiro é o profissional que cuida dos uniformes dos jogadores. Mas função de Vargas também é aplicar os números e nomes dos jogadores em uma prensa, ali mesmo na sala de suas relíquias. Ele é o funcionário mais antigo do clube e diz com orgulho que é o único que participou de todas as cinco conquistas do time na liga norte-americana. Se o Brasil é pentacampeão mundial, Vargas também tem suas cinco taças.

Vargas diz que não gosta muito de dar entrevistas, mas tem orgulho de sua história. Quando fala da vida pessoal, trava mais ainda. Os outros filhos de Vargas se chamam Rubi, a única menina, e o outro é Davi. Mas ele logo explica que não é uma homenagem ao zagueiro do Paris Saint-Germain, fora das últimas convocações. E faz uma careta de desgosto que não precisa de tradução.

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