(Rodrigo Gazzanel / Ag.@corinthians)
O atacante Clayson, do Corinthians, visitou na manhã desta segunda-feira (1) a instituição beneficente Lar da Criança Ninho de Paz. O jogador doou R$ 3 mil como parte da punição imposta pelo Superior Tribunal de Justiça Desportivo (STJD).
A pena é referente ao jogo contra a Chapecoense, em 12 de agosto, pela 18ª rodada do Campeonato Brasileiro. Clayson pegou dois jogos de suspensão além da multa em dinheiro por ter atirado água em torcedores do time adversário. O valor tinha que ser doado a uma instituição sugerida pelo clube.
Também esteve presente na ação o diretor cultural e de responsabilidade social do Corinthians, Carlos Elias. A instituição que recebeu a doação existe há 33 anos e oferece moradia a crianças e adultos com paralisia cerebral.
A reportagem do Estado não pôde acompanhar o jogador na visita por determinação do Corinthians, e aguardou a movimentação na garagem da instituição, ao lado de três TVs de tubo e de um aparelho de vinil, doados recentemente e ainda sem destino certo.
De acordo com a assessoria de imprensa do clube, um despacho do STJD emitido na manhã desta segunda-feira impedia que qualquer veículo de comunicação fizesse a cobertura do ato. A justificativa é que o Corinthians não poderia utilizar a punição como forma de promoção. A liberação da divulgação só poderia ser feita após a publicação do vídeo no site oficial do time.
Clayson visitou os quatro andares da ONG, que cuida atualmente de 13 pessoas, entre crianças e adultos. Nenhum deles possui familiares em condições de assumir as dificuldades desse tipo de tratamento. A paralisia cerebral exige acompanhamento em tempo integral.
Todos usam fralda e contam com o apoio para necessidades básicas, como segurar um copo d'água, por exemplo. Por isso, há plantonistas também na madrugada. A Lar da Criança tem um custo fixo mensal de R$ 60 mil. O valor doado por Clayson foi a primeira ação em parceria com o Corinthians e ainda não tinha destino definido.
O Corinthians, na última terça-feira (25), realizou treino aberto em sua arena e o valor do ingresso era um quilo de alimento. Carlos Elias explicou que essas doações não foram repassadas para essa ONG porque grande parte das 30 toneladas arrecadada era de arroz e feijão. "Aqui eles têm mais necessidade de outras coisas, como leite em pó, fraldas, medicamentos...", justificou o dirigente.
Para manter o local, o Lar da Criança conta com doações de particulares, também arrecada com bazar aberto durante a semana e realiza um bingo mensal. No total, são 27 funcionários que ajudam na administração da casa, entre assistente social, nutricionista, fisioterapeuta, médico, cozinheiros, faxineiros. Fora os voluntários.
"Já chegamos a ter 30 crianças aqui. Mas hoje a legislação permite apenas 20. Nossa meta é atingir esse limite", disse Maria Helena Tomas, de 68 anos, que preside a ONG há 25 anos. A atual responsável pela entidade conta que caiu de paraquedas por ali.
A ONG foi criada pelo cunhado dela em 1984. Maria Helena não tem parentes com diagnóstico semelhante ao dos moradores do Lar e disse que sempre doou por identificação com a causa. Em 1993, quando foram trocar o presidente, ela e o marido se candidataram.
Desde então, Maria Helena tomou gosto, criou empatia com as crianças e a luta para manter a instituição ativa se tornou o principal motor em sua vida. "Costumo falar que eu não faço nada por eles, eles é que fazem pela gente. É a extensão da minha vida."
A expectativa de vida de pessoas com paralisia cerebral não é alta. Das crianças que começaram no início da instituição, só uma continua viva. Maria Helena agradeceu ao Corinthians pela colaboração e explicou que a partir de agora o trabalho passa a ser dobrado. "Com o 13º dos funcionários para pagar, temos que matar um leão por dia. Não é fácil, mas é muito gratificante poder oferecer o melhor para eles. E isso posso garantir. Aqui todos são muito bem cuidados", finalizou.
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