(Arquivo Pessoal)
Pela primeira vez na história, o futsal feminino terá o seu Campeonato Brasileiro interclubes, marcado para agosto deste ano. Se, por um lado, a criação da competição é comemorada por atletas e demais profissionais envolvidos, por outro, reforça o “amadorismo” da modalidade no país. Um atraso que leva jogadoras como a mineira Gabi a fazer carreira no exterior.
Nascida em Belo Horizonte, Gabriela Vila Real tem 28 anos e há 18 se dedica ao esporte. Hoje, experiente e com o currículo recheado de títulos – dentre eles três dos cinco mundiais da Seleção –, ela colhe os frutos do esforço jogando no futsal espanhol.
“No ano passado, saí do Brasil para jogar na Rússia. Mas o clube perdeu um dos principais patrocinadores e não pôde renovar comigo. Foi aí que realizei um dos grandes sonhos da minha vida, que era atuar na Espanha”, conta a ex-camisa 4 da Seleção Brasileira, hoje no Deportivo Burela, da cidade de Lugo.
Considerada umas das líderes da equipe, a fixo tem contrato até o mês que vem e espera ter o vínculo prorrogado por mais temporadas. No clube, ela treina com Jozi, goleira titular da Seleção Brasileira. “A equipe tem uma ótima estrutura, e estamos lutando pelo título da Copa da Espanha. Na Liga Nacional, estamos em terceiro”, diz.
No futsal desde os 10 anos de idade, Gabi atuou nas escolinhas de Atlético e Cruzeiro e conquistou por duas vezes o título estadual mineiro. Sentindo na pele a dificuldade para sobreviver da bola, ela avalia ainda que os obstáculos no futsal são maiores do que o sofrido no futebol. “A visibilidade no salão é ainda menor”, argumenta.
Obstáculos
Imaginar atletas da Seleção Brasileira organizando uma “vaquinha” para conseguir disputar um Campeonato Mundial pode soar como algo surreal. Contudo, essa situação aconteceu com as meninas do futsal, em 2014.
Sem o apoio da Confederação Brasileira de Futebol de Salão (CBFS), que alegou não ter cerca de R$ 180 mil para patrocinar a delegação no Mundial da Costa Rica, as jogadoras fizeram uma campanha nas redes sociais. Depois de receberem o apoio de torcedores e também de um banco privado, voltaram com o pentacampeonato na mala.
No entanto, de acordo com o presidente da entidade, Marco Antônio Madeira, a mobilização não precisará acontecer daqui em diante. “As meninas terão as mesmas regalias do futsal masculino”, afirma o dirigente, eleito no mês passado. “É uma promessa minha, e já estamos correndo atrás da verba para bancá-las em todas as competições”, completa.
Difícil será convencer as atletas disso. A própria Gabi afirma que só acredita vendo. “O Madeira está em uma briga com todos da Seleção Masculina que não aceitam as coisas erradas que a CBFS faz”, questiona a atleta. “Mas eu espero que esta promessa dele seja mesmo cumprida”, acrescenta a mineira.
Campeonato Brasileiro
A primeira edição da nova competição nacional será sediada em Brasília, com apoio do Ministério do Esporte. De acordo com Madeira, os 26 estados e o Distrito Federal terão representantes na disputa.