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Em depoimento ao blog Rica Perrone, com teor de resposta a um post que analisou o polêmico Atlético x Flamengo de 1981, o ex-árbitro José Roberto Wright voltou a comentar sobre a sua atuação marcada pela polêmica na partida de desempate na Libertadores 1981. Cinco jogadores do Galo foram expulsos, e o Fla decretado vencedor, eliminando os alvinegros.
Ao blog, Wright citou os dois ex-presidentes do Atlético que marcaram época, Elias e Alexandre Kalil. Pai e filho. Um falecido na década de 1980, mandatário alvinegro na época do confronto. O outro, atual prefeito de BH, que encontrou com Wright anos depois.
Sobre Elias Kalil, o ex-juiz diz que ele não teve equilíbrio para poder trabalhar a parte mental do time e tentar ganhar o jogo na bola. Cita que o Galo estava com espírito de vingança contra o Flamengo, uma vez que perdeu a final do Brasileirão de 1980, um ano antes, para o Fla, em jogo também marcado por decisões polêmicas de José Assis de Aragão. Para Wright, a diretoria do Atlético era "despreparada".
"O Atlético não estava preparado. Lamentavelmente, que Deus o tenha, o (Elias) Kalil, presidente do Atlético, ele não teve equilíbrio para poder, segundo dele, desforrar-se da derrota anterior. E eu não tive nada, nada, nada com aquilo, não apitei o jogo. Ele não trabalhou a cabeça dos jogadores para ganhar na bola, e ganharia tranquilamente porque o time do Atlético era muito bom. Mas o Kalil não permitiu isso. Criou caso em cima de casa, que era vingança do Atlético contra o roubo do Assis Aragão. Os caras perdem e são roubados? São uns despreparados".
Avançando no tempo, o polêmico árbitro eleito o melhor da Copa do Mundo de 1990 conta quando encontrou com Alexandre Kalil, ao lado do falecido ex-diretor do Galo Bebeto de Freitas, numa praia de Búzios-RJ. Segundo o ex-dono de apito, Alexandre o tratou "normal" para, depois, o "esculhambar" quando Flamengo e Atlético jogaram. Wright não informa em que ano aconteceu tal encontro, mas disse que, se Kalil tivesse falado pessoalmente a ele o que teria dito à imprensa, "levaria dois cacetes".
No jogo em si, Wright explicou que, em determinado momento, "chegou uma hora que não tinha mais condições de segurar na base da bronca individual. Chamei os dois capitães e disse que o primeiro que der (porrada), sairá".
Reinaldo foi o primeiro a ser expulso. Sobre o maior artilheiro da história do Galo, o juiz comenta que ele havia duvidado do aviso de Wright. Recebeu vermelho após falta por trás em Zico, medida disciplinar que foi considerado por todos na época como exagero. Éder Aleixo também leva vermelho em outro lance, sendo acusado de trombar propositalmente no juiz. Chicão e Palhinha também são expulsos.
Galo abandona o gramado, isso antes dos 40 minutos do primeiro tempo. Com sete jogadores em campo, o Atlético retorna ao jogo, mas João Leite caí no gramado alegando contusão. O camisa 1 é expulso por Wright, que interpretou "falsidade" na atitude do "goleiro de Deus". Jogo é encerrado por W.O. alvinegro, que só tinha seis jogadores em campo.
"Eu nunca abri mão da disciplina. Sempre fui um cara disciplinador, respeitador, nunca disse um palavrão para jogador dentro de campo, e olha que eu sou um cara desbocado no dia a dia (...). Jogador de futebol é uma cambada de gente despreparada. Acham que podem fazer o que querem, o que bem entendem, porque no clube o diretor passa a mão na cabeça dele, dá um tapinha na bundinha e está tudo bem", diz Wright, na entrevista que pode ser acessada aqui.
PS: A reportagem tenta contato com o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, para ouvir a versão sobre o encontro com Wright em Búzios.