Cruzeiro e Atlético são alvos do STJD menos de um ano após punição

Gláucio Castro - Hoje em Dia
23/09/2014 às 07:39.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:18
 (Flávio Tavares)

(Flávio Tavares)

A situação é preocupante. Envolvidos em nova confusão nas arquibancadas dos estádios mineiros, torcedores de Cruzeiro e Atlético podem fazer os dois rivais sofrerem punições mais severas pela reincidência. As penas vão desde as perdas de mandos de campo a multas.

Integrantes da Procuradoria da Justiça Desportiva do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) devem começar a analisar nesta terça-feira (23) as imagens registradas durante o clássico entre Raposa e Galo, no último domingo, no Mineirão, pela 23ª rodada do Campeonato Brasileiro. O pedido do material foi feito nessa segunda-feira (22) pelo procurador geral do órgão, Paulo Schmitt.

Como ainda não completou um ano da última punição imposta a Atlético e Cruzeiro, por causa de problemas no clássico do dia 13 de outubro do ano passado, no Independência, os dois clubes são considerados reincidentes.

“Isso é um fator agravante muito sério que deverá ser criteriosamente observado durante o julgamento pelos auditores do STJD”, explica o advogado Antônio Sérgio Figueiredo dos Santos, especialista em direito esportivo, que evita prever uma pena.

Pelo tumulto ocorrido em outubro de 2013, no Horto, o Cruzeiro foi punido com perda de mando de campo de dois jogos e multa de R$ 40 mil. Já o Atlético foi penalizado com perda de um mando e multa de R$ 20 mil.

No último domingo, cruzeirenses e atleticanos transformaram o espaço que dividia as duas torcidas em uma praça de guerra. Os seguranças particulares do Mineirão e alguns poucos policiais militares custaram a dar conta do tumulto.

Rojões, bombas, sinalizadores e até um soco inglês foram aprendidos com os torcedores. Toda a confusão foi relatada na súmula pelo árbitro carioca Marcelo de Lima Henrique.

As cenas do tumulto mancharam o belo jogo protagonizado por Cruzeiro e Atlético.

Revista

A Secretaria de Estado de Turismo e Esportes esclareceu que o contrato de concessão do novo Mineirão diz que a segurança externa do estádio é feito pela Polícia Militar (PM) e no interior, inclusive a revista dos torcedores, por seguranças privados, contratados pela Minas Arena, concessionária do estádio.

Ainda segundo a secretaria, os militares dão apoio aos seguranças particulares, caso haja algum problema mais sério, como o registrado no clássico.

Eu reunião realizada no último dia 17, na sede da Federação Mineira de Futebol, ficou estabelecido que 180 policiais militares trabalhariam na área externa do estádio e 608 seguranças particulares na área interna do Mineirão. Além disso, um delegado, um sub-inspetor, um escrivão, um perito, um médico legista e seis investigadores da Polícia Civil também trabalharam no clássico.
 
Para ex-auditor, pena eficaz é a financeira
 
Desembargador do Tribunal de Justiça de Minas Gerais e com mais de 20 anos de dedicação ao STJD, Roberto Vasconcelos já perdeu a conta de quantas vezes viu confusões como as do último domingo na pauta de julgamento do Tribunal.

Para ele, a perda de mando de campo não é a medida mais eficaz nesse tipo de situação. “A punição que mais doi é aquela que mexe com o bolso dos clubes”, garante. “Essa sim é uma saída mais eficiente e que faz as diretorias dos times envolvidos pensarem até em campanhas educativas para reduzir a violência no futebol”, completa.

Segundo o desembargador, a perda de mando de campo em algumas situações acaba até sendo boa para os cofres dos clubes. “Você pega uma equipe da capital e põe para jogar em uma cidade do interior que não tem tantas atrações e os estádios ficam cheios e com boas rendas. Vemos isso acontecer sempre no futebol brasileiro. Punição para ser eficaz precisa mexer no bolso”, conclui.

Prejuízo

Pelo menos 100 cadeiras foram destruídas e um bar danificado pelos vândalos no clássico, mas a Minas Arena ainda não contabilizou o prejuízo.

O trabalho de reparo começa nos próximos dias. A empresa garante que os envolvidos no tumulto foram identificados e presos pela PM. O Cruzeiro volta a jogar no Mineirão no dia 4 de outubro, contra o Internacional.

Diferentemente dos jogos realizados durante a Copa do Mundo, a Minas Arena não utiliza detectores de metal para os profissionais de vários setores que trabalham durante as partidas por causa do alto valor dos equipamentos, que foram alugados pelo Estado durante a Copa.

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