(Flávio Tavares)
O clima de incerteza ronda a Toca da Raposa, pressionada após a amarga eliminação para o Atlético na semifinal do Campeonato Mineiro. Mas o revés já está no passado. Pela frente, mais uma decisão. E nada mais interessa ao Cruzeiro hoje do que a vitória sobre o Universitario Sucre, da Bolívia, às 20h30, no Mineirão, pela última rodada do Grupo 3 da Libertadores.
Para afastar qualquer crise no clube, o time celeste se apega ao bom retrospecto contra equipes bolivianas na competição jogando como mandante.
Em três partidas, foram três vitórias e nenhum gol sofrido. No total, o time estrelado estufou as redes adversárias em doze oportunidades, média de quatro gols por confronto.
Segundo colocado do grupo com oito pontos, o Cruzeiro precisa de uma vitória simples para assegurar a classificação para as oitavas de final do torneio continental. Em caso de empate, a Raposa terá que torcer contra os argentinos do Huracán, que enfrentam o eliminado Mineros, da Venezuela, em casa.
Outro resultado que não seja a vitória, no entanto, está fora de cogitação entre os jogadores. Reconhecendo que o grupo ainda está devendo na temporada, eles encaram o jogo contra o Sucre como uma reviravolta no clube.
“Estamos cientes que precisamos melhorar, que estamos devendo, mas precisamos nos ajudar. Vamos batalhar para que aconteçam as coisas certas nos jogos. Temos que manter a tranquilidade e nos fechar para superar esse momento difícil”, observa o zagueiro Manoel.
MUDANÇAS
Reserva do suspenso Paulo André, Manoel será uma das novidades do time no confronto contra os bolivianos. Além dele, os atacantes Marquinhos e Henrique Dourado também devem pintar na equipe nas vagas de Alisson e Leandro Damião, contundidos.
O técnico Marcelo Oliveira, porém, não descarta promover outras mudanças. Na lateral direita, Mayke retorna no lugar de Fabiano, enquanto Mena e Pará disputam a vaga na ala oposta.
No meio, Willians e Henrique serão reavaliados após terem reclamado de cansaço. “Se não jogar o Damião, jogará o Henrique Dourado. Na direita, volta o Mayke. Vamos estudar o lado esquerdo. Pelo sistema de jogo do Universitario, vou escolher entre o Pará e o Mena. Pode haver novidade também no meio-campo”, reforça o técnico.
Técnico Marcelo Oliveira luta contra momento de instabilidade
Ninguém no Cruzeiro esconde que o duelo com o Universitario Sucre, no Mineirão, está sendo considerado o mais importante do ano para o clube. E não é por menos. Uma possível eliminação precoce, ainda mais num grupo com times pouco badalados na América do Sul, jogaria por terra o planejamento para a temporada. Caso isso aconteça, restará ao time o Brasileirão e a Copa do Brasil, no segundo semestre.
A situação coloca o técnico Marcelo Oliveira na berlinda. Em caso de fracasso dessa terça-feira (21), o treinador pode não suportar a pressão, agravada nesta segunda-feira (20) por um protesto de torcedores na sede do clube contra a diretoria e o momento da equipe. O interesse do São Paulo na contratação do treinador também pode contribuir para a saída precoce.
Marcelo vive seu pior momento no Cruzeiro desde que chegou ao clube, em janeiro de 2013. A queda de rendimento é compreensível, e o treinador já se mostrou tranquilo quanto ao trabalho – o grupo celeste passou por uma total reformulação 2015.
Mas o risco de demissão não existe apenas por causa de uma partida isolada. Membros do conselho ligado ao presidente Gilvan de Pinho Tavares entendem que o time ainda não conseguiu implantar um sistema de jogo convincente. A cobrança tem sido grande e se agravou com a eliminação para o Atlético no Campeonato Mineiro.
A divergência de ideias entre o treinador e a diretoria também são evidentes e se tornaram públicas em alguns momentos. Os pedidos de Marcelo para contar com mais um atleta para o setor de criação não foram atendidos.
Além disso, nomes chegaram à Toca no início deste ano sem a aprovação do técnico. “Estou pronto para as críticas e preparado para qualquer situação”, garante Marcelo.