(Samuel Costa/Hoje em Dia)
A desorganização da Minas Arena, concessionária do Mineirão, e o caos registrado no jogo de reabertura do estádio podem custar caro ao Cruzeiro e a Federação Mineira de Futebol (FMF). As primeiras ações já começam a chegar ao Juizado de Pequenas Causas, que tem as indenizações limitadas a 40 salários mínimos (R$ 27.120,00).
Indignado com os problemas, que segundo ele começaram na venda de ingressos, o advogado Alexandre de Morais Souza já protocolou seu pedido de indenização. “Agora estou preparando outro sobre o desrespeito ocorrido durante o jogo. Além da falta de água e comida, paguei um ingresso de R$ 80 e fui colocado num espaço que custava R$ 60. Completa desorganização”, reclamou.
RESPONSABILIDADE
De acordo com o promotor José Antônio Baeta, que durante vários anos atuou na Defesa do Consumidor do Ministério Público Estadual (MPE) e hoje integra o grupo de atuação especial para acompanhamento das atividades da Copa do Mundo de 2014, Cruzeiro e FMF são os responsáveis.
“O clube escolhe o local onde vai mandar os seus jogos e a Federação Mineira de Futebol é quem aprova. Eles são os responsáveis legais pelo jogo”, esclarece.
Hoje, o advogado Leonardo Tito também irá protocolar outros pedidos de indenização, inclusive o dele próprio. “Fui procurado por pelo menos 50 torcedores indignados. Disseram que ia ser modelo para a Copa do Mundo e o que observamos foi desorganização e humilhação desde o início da venda de ingressos, que começou com cinco horas de atraso”, relata.
De acordo com Leonardo, a lista dos problemas registrados no clássico é grande e começa pelo estacionamento, aberto só depois das 14 horas, o que provocou um grande engarrafamento e atrasos de torcedores.
“Dentro do Mineirão, era difícil encontrar água e comida, que tinham preços abusivos. Uma amiga grávida chegou a passar mal por causa do forte calor. A condição de higiene dos banheiros era péssima”, reclamou.
RELATÓRIOS
O promotor Antônio Baeta aguarda os relatórios da Polícia Militar, Corpo de Bombeiros e do Juizado Especial para tomar as providências cabíveis.
“Como os primeiros problemas foram registrados neste fim de semana, acredito que o que devemos fazer, a princípio, é chamar os envolvidos para uma reunião. Caso os problemas não sejam resolvidos, tomaremos as medidas legais.
Baeta esclarece que o torcedor que quiser entrar na justiça não precisa sequer do ingresso do clássico. “É a inversão do ônus da prova. Cabe ao Cruzeiro e FMF provarem que o torcedor não estava lá”, explica.
Segundo o diretor de marketing do Cruzeiro, Marcone Barbosa, a responsabilidade pela operação do jogo foi da Minas Arena, sem a participação do clube, que também foi vítima da desorganização, inclusive com ingressos de sócios do futebol vendidos.