Culpa é de quem?

Cruzeiro: o cenário atual de uma temporada mal planejada pelos gestores

Diretores apostaram na conquista de uma vaga para uma competição sul-americana, mas terão que se contentar com a luta contra o rebaixamento

Angel Drumond
esportes@hojeemdia.com.br
13/11/2023 às 21:34.
Atualizado em 13/11/2023 às 21:43
 (Gustavo Aleixo/Cruzeiro)

(Gustavo Aleixo/Cruzeiro)

A troca recente de mais um técnico do Cruzeiro somado aos terríveis episódios de invasão de campo no último sábado (11), diante do Coritiba, é apenas a ponta de um problema que se iniciou bem no começo da temporada. O time está na 17ª posição na tabela de classificação do Campeonato Brasileiro, e corre sérios riscos de cair para Série B pela segunda vez em sua história.

Após a excelente campanha na série B, quando o time conquistou o título com 6 rodadas de antecedência, o técnico Pezzollano acenou à diretoria que não gostaria de continuar no clube pois queria seguir seu trabalho em um clube europeu. A diretoria acatou o pedido, porém exigiu que o técnico uruguaio ficasse até o término do Campeonato Mineiro, enquanto procurasse um nome para substituir.

O time celeste foi muito mal na competição regional, o que causou a demissão de toda a comissão técnica antes do fim da disputa. Com baixo investimento, e contratações, em sua maioria, a custo zero, a equipe não emplacou como na temporada passada e trouxe dúvidas à torcida cruzeirense.

Veio o treinador Pepa, um português sem muito cartaz no futebol e conseguiu fazer um bom início de Campeonato Brasileiro, colocando a equipe até na liderança da competição, porém a equipe começou a sentir o peso dos confrontos e iniciou ali uma série de maus resultados, culminando até com a saída da Copa do Brasil em uma desclassificação em pleno Mineirão diante do Grêmio.

Pepa não resistiu à sequência de jogos sem vencer no Cabuloso. O time acumulou sete partidas sem vitórias: quatro empates e três derrotas, e o português pagou o preço por investimentos baixíssimos e uma gestão que confiou na estratégia usada para vencer a série B.

Para completar o fracasso do ano, a diretoria contratou o técnico Zé Ricardo, que até começou bem, com uma vitória sobre o Santos na Vila Belmiro, mas logo caiu de produção levando o time a entrar na zona de rebaixamento com sérios riscos de não sair mais. Seu grande feito foi vencer o Atlético no primeiro clássico da Arena MRV, porém muito pouco para um time que almejava garantir ao menos uma vaga para uma competição sul-americana.

Esses objetivos foram traçados pela diretoria e apresentado para a imprensa em abril. Um cronograma de propostas até o ano 2030 foi mostrado pelos diretores Pedro Martins e Gabriel Lima, porém o que se viu até então foi uma total falta de empatia dos gestores com a torcida, o maior patrimônio do clube.

Ronaldo Fenômeno chegou a desviar o foco dos jogadores e das péssimas apresentações, com apenas uma vitória no Mineirão em toda a temporada, botando a culpa no comportamento da torcida, como se ela não tivesse o direito de protestar e exigir mais de um time que, recentemente, ficou por três anos seguidos na série B.

O cenário atual é de um time sem comando, sem treinador, e que vai se desfazer de toda estrutura da Toca da Raposa II. A ideia é se afastar da cobrança da torcida e seguir para Itu, no interior paulista em preparação para mais uma batalha de sobrevivência na competição nacional, diante do Fortaleza, no próximo sábado, em jogo isolado e adiado do Campeonato Brasileiro.

O que estava ruim, pode piorar, já que o STJD pode trazer uma punição severa ao clube pelos episódios do último sábado em que as principais organizadas do clube invadiram o campo do Durival de Brito, no Paraná, após um gol marcado do Coritiba, que culminou em mais uma derrota da equipe na competição. As chances, segundo alguns interprestes das leis do futebol, é que o Cruzeiro possa perder mandos de campo, ou até mesmo jogar sem a presença da torcida.

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