(Carlos Roberto)
O Cruzeiro levou a campo a instabilidade que lhe marcou durante o primeiro turno do Campeonato Brasileiro. Nesta quarta-feira (5), a equipe celeste saiu na frente diante do Botafogo, no Estádio Independência, mas deixou o clube carioca virar o jogo em apenas três minutos, após assistir Seedorf ficar livre para decidir a partida em dois lances. O holandês ainda fez uma bela jogada na segunda etapa, que culminou no gol derradeiro de Jadson. Um pecado, que tirou a invencibilidade da equipe no returno e deixou seu torcedor incerto sobre o futuro da Raposa até o final do ano.
Com a derrota, o Cruzeiro permanece com os 34 pontos e vê o Botafogo o igualar na tabela. Porém, o clube de General Severiano o ultrapassa no saldo de gols. No próximo domingo, a Raposa tenta a reabilitação diante do Sport, na Ilha do Retiro, em Pernambuco, às 18h30. Já o alvinegro da estrela solitária recebe o Náutico, no Engenhão, às 16 horas do mesmo domingo, buscando confirmar a ascensão.
Instabilidade peculiar
A incerteza tomava conta da torcida do Cruzeiro. Enquanto ia rumo ao Independência, descobriu que poderá ficar até o dia 25 de novembro, (data do duelo contra o Coritiba, válido pela 37ª rodada) sem assistir partidas da sua equipe no Gigante do Horto. A esperança é que a diretoria estrelada consiga reverter a perda de seis mandos de campos, imposta pelo STJD na tarde desta quarta-feira (5). Caso seja negado o efeito suspensivo, o interior será a nova casa celeste.
O problema é que a incerteza do torcedor sobre sua situação nas arquibancadas é semelhante a que ele tinha com o comportamento do time estrelado. O cruzeirense, por exemplo, não conseguia sentir segurança na zaga formada por Rafael Donato e Mateus, uma vez que não conseguiam encaixar um bom posicionamento naquele setor. O Botafogo soube explorar bem essa falha e quase chegou com perigo em duas oportunidades no início da etapa inicial.
Em contrapartida, esse mesmo torcedor observava uma equipe que trocava bons passes pelo meio campo. Enquanto esteve consciente do posicionamento seu e do adversário, o Cruzeiro se mostrou um time com qualidade para superar a marcação sob pressão imposta por Oswaldo de Oliveira. Ao explorar uma brecha do setor defensivo do Botafogo, a Raposa tirou o primeiro zero do placar. Aos 18 minutos, Souza lançou a bola nas costas do zagueiro, para achar Borges, que chutou em velocidade, parando em Renan. Porém, o rebote encontrou o pé direito de Tinga, que acertou a bola em cheio, para morrer nas redes adversárias. 1 a 0.
Poucos minutos depois, o torcedor que coloria as arquibancadas de azul foi ao delírio com Everton, quando o lateral escapou em velocidade, deu uma caneta no adversário, mas não conseguiu finalizar com precisão. Pecado, que só não foi maior do que o cometido pela defesa celeste, que deixou Seedorf livre, aos 34 minutos. Fellype Gabriel, na ponta esquerda, viu o holandês avançar rumo à área defendida por Fábio e cruzou com precisão. Um abraço. De primeira, o camisa 10 alvinegro igualou o placar. 1 a 1.
O cruzeirense ficou ainda mais desacreditado com o time no minuto seguinte. Ele não acreditava no que sua equipe fazia dentro das quatro linhas. Apesar de ter tomado o castigo, continuava sem marcar o holandês. Ele temia pelo pior, que não tardou a chegar. Após bela jogada de Andrezinho pela esquerda, Fellype Gabriel recebeu, girou e achou Seedorf livre, que só teve o trabalho de chutar firme para virar o placar e correr para o abraço. 2 a 1. O Cruzeiro descia para o vestiário sem dar esperanças de que conseguiria reagir na segunda etapa.
Falhas de marcação constantes
A tônica do primeiro tempo continuou na segunda etapa: falhas na marcação, Seedorf deitando e rolando e o torcedor celeste incerto sobre os rumos de seu time para o restante do Brasileiro, principalmente devido à inconstância peculiar deste elenco. A situação, que não era das mais confortáveis, ficou temerosa aos 10 minutos da etapa derradeira. O holandês camisa 10 do Botafogo escapou pela ala esquerda, passou como quis pelos marcadores e inverteu a jogada para Jadson. O volante, livre, deixou Fábio no chão e rolou a bola para o barbante, levando ao lamento os cruzeirenses que assistiam ao duelo. 3 a 1.
O que mais doía no torcedor estrelado é que a equipe demonstrava qualidade técnica durante algumas oportunidades, mas pecava em seu descontrole emocional logo em seguida. A instabilidade do Cruzeiro durante o campeonato era demonstrada nos gramados. Durante os 35 minutos, o time até que tentou a reação, mas esbarrava em um Botafogo lúcido e em seus próprios pecados. Situação triste para os cruzeirenses, que deixaram o Independência sem saber como será seu futuro e se terão a oportunidade de tentar incentivar sua equipe com gritos à beira das arquibancadas do Gigante do Horto.
FICHA TÉCNICA CRUZEIRO 1 X 3 BOTAFOGO Cruzeiro: Fábio, Léo, Rafael Donato, Mateus, Everton; Leandro Guerreiro, Sandro Silva (Élber), Tinga, Souza (William Magrão); Wallyson (Wellington Paulista) e Borges. Técnico: Celso Roth Botafogo: Renan, Lucas, Dória, Fábio Ferreira, Márcio Azevedo (Gilberto); Jadson, Gabriel, Clarence Seedorf. Andrezinho, Fellype Gabriel (Willian); Elkeson. Técnico: Oswaldo de Oliveira Gols: Tinga (aos 18') e Seedorf (aos 34' e 36' do 1º tempo); Jadson (aos 10' do 2º tempo) Motivo: Jogo válido pela 22ª rodada do Campeonato Brasileiro da Série A Estádio: Independência Local: Belo Horizonte Árbitro: Luiz Flávio de Oliveira Auxiliares: Altemir Hausmann e Rafael da Silva Alves Público: 13.957 pagantes Renda: R$ 395.880,00 Cartões amarelos: Everton (Cruzeiro); Gabriel, Márcio Azevedo e Fábio Ferreira (Botafogo)