(Cruzeiro)
Lá se vão mais de 30 anos. “Mas ainda lembro como se fosse ontem”, diz Ademir, ex-volante do Cruzeiro, medalha de prata com a Seleção Brasileira na Olimpíada de Los Angeles, em 1984, e em Seul, em 1988. Completamente afastado do mundo do futebol, o ex-jogador, que trocou as chuteiras pelas botas e virou fazendeiro no Paraná, vê com certo receio a conquista do sonhado inédito ouro olímpico. “O Brasil está muito dependente do Neymar. Antigamente você tinha quatro ou cinco atletas que desequilibravam. Hoje não é mais assim. O jogador está indo embora muito cedo. Isso para o futebol é ruim”, avalia Ademir, que completou 55 anos em janeiro. Se tecnicamente o Brasil não vive um bom momento dentro das quatro linhas, a Seleção Canarinho terá um aliado importante no ano que vem, segundo o ex-jogador. “A chance aumentou bastante por jogar em casa. Mas depende muito da preparação. Não pode deixar para em cima da hora como em outras ocasiões. No Brasil a gente vê uma preocupação muito grande com a preparação para a Copa do Mundo e não acontece o mesmo com a Olimpíada”, completa o ex-defensor da Raposa. Ademir colocou sua primeira medalha no peito aos 24 anos. “Foi um momento especial na minha vida. Conquistar uma medalha olímpica é um sonho de qualquer atleta. Eu estava no Internacional, que foi o primeiro time grande que eu atuei. Subir ao pódio e ouvir o hino brasileiro foi um momento mágico”, relembra Ademir. Ele conta que o feito foi ainda mais valorizado pelo fato de o grupo não ter tido uma preparação adequada como deveria. Quatro anos depois, na Coreia do Sul, sob o comando do mineiro Carlos Alberto Silva e já como atleta do Cruzeiro, este paranaense de Toledo, cidade onde vive hoje, subiu ao pódio mais uma vez. “Foi o ano que chegamos mais perto. Tínhamos um grupo qualificado com Taffarel, Romário, Neto e Bebeto e fizemos uma boa preparação. Perdemos a final para a Rússia nos detalhes.” Nível técnico baixo Por causa dos compromissos profissionais na fazenda no interior paranaense, Ademir acorda cedo, o que dificulta ao ex-jogador acompanhar tanto o futebol. “O horário tarde dos jogos e o nível técnico muito baixo acabam desestimulando. Antigamente você sabia de cor as equipes. Hoje é difícil escalar um time. O Cruzeiro nos dois últimos anos foi uma exceção. Pena que desmontaram o time todo. O Everton Ribeiro está fazendo muita falta. É como o Barcelona perder o Messi”, compara o ex-atleta que esteve pela última vez em BH há dois anos, quando deixou seus pés marcados na calçada da fama da Toca da Raposa.