A oito rodadas do fim, o Campeonato Brasileiro entra na reta final prometendo fortes emoções nos dois extremos da tabela. Na ponta de cima, o Cruzeiro tenta manter a boa vantagem que construiu no decorrer da competição e ser campeão. O Atlético, por sua vez, “administra” as posições intermediárias, porque seu foco está no Mundial de Clubes, em dezembro, no Marrocos.
Os torcedores da capital, porém, correm o risco de ficar longe de seus times nas últimas rodadas desta edição da Série A. A briga no clássico, no dia 13, provocada por integrantes das torcidas organizadas Máfia Azul e Pavilhão Independente, será julgada pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), na quinta-feira, e os rivais mineiros correm o risco de perder até dez mandos de campo.
Cada time tem mais quatro jogos marcados para o Independência, no caso do Atlético, e o Mineirão, para o Cruzeiro. Se forem penalizados, terão que atuar fora de Belo Horizonte, e os mais prejudicados serão os participantes dos programas Galo na Veia e Sócio do Futebol, que pagam mensalmente para assistir aos confrontos de suas equipes.
“O Cruzeiro tem que implementar medidas preventivas, junto com as polícias, para identificar os baderneiros infiltrados na torcida”, cobra o professor Túlio Campos, de 32 anos.
“Está na hora de o torcedor de bem se revoltar contra esse pessoal que vai a campo para brigar e afastá-lo de vez dos estádios”, acrescenta Mateus Scarpelli, 38 anos, engenheiro civil.
Ambos são filiados ao Sócio do Futebol e acompanharam a vitória estrelada sobre o Fluminense, por 1 a 0, na última quarta-feira, no Mineirão.
Ataque
Já os atleticanos podem ser penalizados duas vezes, caso o Galo perca o mando nos últimos compromissos do Brasileirão. Afinal, eles sentiram “na pele” e foram vítimas do comportamento inconveniente de torcedores cruzeirenses, no último clássico, quando foram atacados com os mais diversos tipos de objetos que vinham da parte de cima da arquibancada, incluindo bombas.
“Isso é um absurdo. No clássico, eles jogaram tudo em quem estava lá embaixo: pedra, pilha, copo e até bomba. Além disso, corremos o risco de não poder ver os próximos jogos do Galo em casa”, reclama Vitor Meira, 29 anos, afiliado ao Galo na Veia.
O também atleticano Gustavo Souza, 28, estava no Horto na semana passada e, a exemplo do amigo, passou por maus momentos durante a partida contra o Cruzeiro. Para ele, o estádio não tem como receber as duas torcidas. “Essas situações só acontecem no clássico. No outro, pelo Campeonato Mineiro, foi a mesma coisa. Com as outras torcidas, nunca temos problema”, relata.
Confiante, Cruzeiro põe ingressos à venda
A diretoria do Cruzeiro demonstra estar confiante quanto à absolvição no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). Prova disso é que já colocou à venda, para os filiados do Sócio do Futebol, ingressos das partidas contra o Criciúma, sábado, às 18h30, e o Grêmio, em 10 de novembro, às 17h.
Além disso, a Minas Arena, concessionária que administra o Mineirão, lançou um pacote para os quatro últimos compromissos da Raposa em casa. Os bilhetes são do setor premium (os mais caros), e estão sendo vendidos de R$ 250 a R$ 487
A promoção, no entanto, não está sendo realizada em parceria com o Cruzeiro, e a gestora do estádio não se compromete a devolver o dinheiro, caso haja a perda de mando de campo.
“Culpa” da PM
Embora toda a confusão no último clássico, no Independência, tenha sido provocada pelas organizadas Máfia Azul e Torcida Pavilhão Independente, a Raposa tenta se eximir da responsabilidade e, assim, ter a situação amenizada pelo STJD.
Conforme mostrou com exclusividade o Hoje em Dia, na edição de domingo, um representante do Cruzeiro foi à delegacia do estádio, aos 15 minutos de jogo, e fez o Registro de Eventos de Segurança Social (Reds) 2013-021117233-001.
Na queixa, o funcionário do clube atribui à Polícia Militar a responsabilidade pela briga generalizada. Apesar da existência comprovada do documento, o diretor de comunicação do Cruzeiro, Guilherme Mendes, nega que tenha sido registrado boletim de ocorrência (BO).
Conforme relato à PM, “apenas quatro policiais militares” estavam no setor destinado aos visitantes, e a Máfia Azul e Pavilhão Independente “se agrediram mutuamente, sem nenhuma intervenção da polícia, trazendo transtornos para os demais torcedores que não faziam parte das organizadas”, acusou o funcionário cruzeirense no BO.