Cuba retorna com força total e busca títulos no vôlei em 2014

Felippe Drummond Neto - Hoje em Dia
04/11/2013 às 11:20.
Atualizado em 20/11/2021 às 13:54
 (Lucas Prates)

(Lucas Prates)

A partir de 2014, Brasil, Rússia, Itália e Estados Unidos terão um velho adversário novamente na briga pelos principais títulos do vôlei. Trata-se de Cuba. Com a queda das normas que proibiam os jogadores que saíam do país de ser convocados para defender a seleção, a expectativa é a de que a equipe volte a ser uma das mais fortes do mundo.

Depois de despontar como potência na modalidade nos anos 90, o time decepcionou nos últimos anos e não conseguiu sequer se classificar para as últimas três olimpíadas. Para se redimir, a partir de janeiro, os atletas que atuavam fora voltam a jogar pela seleção, o que será um verdadeiro upgrade: em todas as posições, há, pelo menos, um cubano entre os melhores do mundo.

Prova disso é que, em uma rápida olhada no cenário internacional, Cuba voltará a contar com os ponteiros Leal, Camejo e Juantorena, o central Simon e os opostos Hernandez e Bozulev Sanches, todos com muito sucesso por onde passaram e estrelas em seus respectivos times.

A única baixa que o país continuará tendo é o fenômeno Leon, pelo menos por enquanto. O ponteiro de 20 anos, que também joga como oposto, não poderá ser convocado, pois é visto como desertor. Isso porque pediu dispensa da seleção às vésperas da Liga Mundial deste ano.

Mesmo assim, a possibilidade de ele voltar a defender Cuba faz com que os “estrangeiros” se animem. “Será muito bom poder, finalmente, juntar os melhores jogadores na seleção. Não vejo a hora de poder jogar com o Simon, Juantorena, caras que saíram de lá há muito tempo”, comemora Camejo. Atualmente, ele defende o Lokomotiv Novosibirsk, da Rússia, e, no mês passado, perdeu a final do Mundial de Clubes para o Sada/Cruzeiro, em Betim, na Grande BH.

Também Leal, do time celeste, não vê a hora de vestir novamente a camisa cubana. Porém, sabe que a pressão que a seleção sofrerá por resultados pode atrapalhar. “No papel, será muito forte. Na prática, não é tão simples assim. Para conseguir uma boa equipe, é preciso treinar junto e formar um grupo, por isso temos que nos reunir o quanto antes para, no ano que vem, já estarmos preparados”, pondera o jogador, que saiu de Cuba há quatro anos.

Outra preocupação de Leal é com o ranking da Federação Internacional de Vôlei (FIVB). Atualmente, a seleção cubana ocupa apenas a sétima colocação. Como um dos objetivos é a conquista da Olimpíada do Rio, em 2016, precisa se manter entre os melhores para não correr risco acabar de fora.

Reforço importante para o vôlei mundial

Quem está de olho na nova “revolução” cubana é o técnico da seleção brasileira masculina, Bernardinho. Inclusive, ele já coloca Cuba como, em breve, a “equipe a ser batida”. Para o treinador, o reforço dos jogadores que atuam fora do país não apenas devolverá a terra de Fidel Castro ao primeiro escalão do vôlei mundial, como também coloca o time como grande favorito para conquistar os principais torneios.

“Com a volta de tantos atletas de alto nível que não podiam atuar por Cuba, com certeza vão chegar com uma seleção capaz de ganhar tudo”, argumenta o comandante, lembrando que a mudança de postura é uma iniciativa importante, mas ainda falta saber se os próprios atletas vão aceitar voltar.

De qualquer maneira, a experiência internacional que os jogadores têm vai se somar à questão técnica. “Dará a todos, inclusive os que não saíram do país, uma qualificação muito grande”, conclui Bernardinho.

Para os atletas que, normalmente, defendem a seleção brasileira e terão que encarar de frente os cubanos, o pensamento é o mesmo. “Será bom para eles, que terão jogadores que darão muita profundidade à seleção cubana. É ruim para quem vai enfrentá-los”, define o levantador William, do Sada/Cruzeiro.

O companheiro de equipe, o oposto Wallace, acrescenta que a volta dos “estrangeiros” à seleção cubana será ótima para o vôlei mundial, que fica ainda mais competitivo. O central Éder lembra ainda que, caso os atletas aceitem os termos para ser convocados, Cuba tem potencial para brigar diretamente com Brasil e Rússia pelos títulos. “Vimos esses caras jogando e brilhando no mundo todo. Se encaixando, formarão uma seleção extremamente forte”, argumenta.

De uma escola diferente, o técnico do Cruzeiro, o argentino Marcelo Mendez aposta que a mescla de juventude e experiência internacional será diferencial para Cuba. “Todos jogaram competições muito fortes na Itália, Rússia e Brasil. Com essa experiência somada à força física que sempre tiveram e ao ganho tático e técnico, é praticamente certo o sucesso”, pondera. 

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