Da Rocinha ao Atlético: a história de Gustavo Ramos, o garoto que virou exemplo na favela

Henrique André
hcarmo@hojeemdia.com.br
16/11/2018 às 13:57.
Atualizado em 28/10/2021 às 01:51
 (Arquivo Pessoal)

(Arquivo Pessoal)

Habitar numa zona de confronto entre traficantes e policiais e viver sob o risco de uma bala perdida já não faz mais parte da rotina de um talentoso "filho" da Rocinha, maior favela do Rio de Janeiro. O pequeno Gustavo Ramos, de 13 anos, há dez meses não poupa suor nos campos da Cidade do Galo e, acostumado a driblar as dificuldades da vida, dá passos importantes para realizar o sonho de ser jogador de futebol profissional.

Baixinho como Romário e arisco Robinho, o "Rei das Pedaladas", Gugu - como é chamado pelos pais e amigos mais próximos - hoje mora com a avó nas proximidades do Centro de Treinamentos do Atlético, em Vespasiano, e recebe suporte de uma empresa de agenciamento de atletas; ele tem alimentação, transporte, estudo e moradia bancados.

Apesar da distância, o pai Gustavo dos Santos, instalador de TV a Cabo no Rio, e a mãe Alessandra Resende, empregada doméstica, acompanham cada chute do herdeiro.

Assim que completar 14 anos, no próximo dia 23, o promissor atacante já poderá assinar um contrato de formação com o alvinegro e, a partir disso, receber uma ajuda de custos do clube mineiro que lhe abriu as portas. Ele poderá, inclusive, se hospedar no hotel das categorias de base e usufruir de toda estrutura disponível.

Descoberto aos sete anos pelo professor Francisco Borges, o Cebola, na Praça da Roupa Suja - espaço público utilizado para eventos culturais, como rodas de samba, encontros de rappers e funkeiros, localizado próximo à saída do túnel Zuzu Angel -, o menino se tornou exemplo para outros pequenos que ainda acordam e dormem reféns das incertezas do morro.

Ainda no Rio de Janeiro, Gugu atuou na Escolinha Rocinha Futsal, onde conquistou 15 títulos, vestiu a camisa do Fluminense por um ano e foi visto pelo Atlético quando defendia o time da ONG Futuros Talentos, criada há aproximadamente oito anos e gerenciada pelo jornalista Ricardo França. 

"Fizemos três amistosos em Minas Gerais no ano passado, contra América, Atlético e Cruzeiro. O Gugu chamou a atenção pela habilidade e pela visão de jogo nota dez, e acabou sendo convidado para fazer um teste no Galo", conta França. 

"Além dele, outro jogador saído do nosso projeto social também foi para Minas. O Davi Breves, de 14 anos,  está defendendo o América e já assinou seu contrato de formação com o clube", acrescenta.Arquivo Pessoal 

De olho na periferia

Captar talentos em potencial na periferia do Rio de Janeiro tornou-se prática comum para grandes clubes da Europa, como Paris Saint Germain, Barcelona e Real Madrid, e também para alguns de outros estados brasileiros. O Grêmio, por exemplo, já fincou sua bandeira na Cidade Maravilhosa.

O Núcleo de Captação do Tricolor gaúcho na Rocinha descobriu em pouco tempo de atuação o garoto Joãozinho, de apenas 9 anos, tido como "novo Neymar" no Futuro Talentos. Ele já está em Porto Alegre desde o mês passado e está sendo avaliado na Escola de Formação do clube, no CT do Cristal.Maria Helena Portella/Divulgação 

Ong Futuros Talentos - Quem é?

A Associação de Amigos Oliveira - Futuros Talentos, doravante denominada simplesmente Futuros Talentos, é uma Associação constituída para fins não econômicos, de ação desportiva, de caráter social, sem fins lucrativos, Brasileira, de direito privado, cujas atividades regerão pelo Estatuto Social devidamente aprovado pela Assembléia Geral e pela Legislação em vigor. ( Artigo 53 ).

A ONG tem alvará de funcionamento de Nº 0550036-2, em 20/02/2013, que lhe dá o direito de exercer atividades recreativas, cultural, desportivas e beneficiente.

A ONG visa manter projetos sociais, desenvolver ações em defesa dos direitos humanos, fomentar estudos e congressos que resultem na melhor qualidade de vida e a inclusão social de mulheres, homens, jovens, adolescentes, idosos e portadores de necessidades especiais, no exercício da cidadania, com o fator de direitos humanos contribuindo para o desenvolvimento social, bem como amparar e recuperar a célula familiar, como patrimônio da sociedade, dando-lhes assistência social, acesso a saúde,educação, cultura, esporte e lazer.Reprodução/Internet

A Associação vem através desse projeto, solicitar patrocínio e parcerias para abertura de núcleos, em que poderá atuar em todo território nacional, podendo abrir filiais, escritórios e centros de treinamentos em outros Estados da Federação, em qualquer cidade do Brasil e também do exterior, respeitando a legislação aplicável.

O projeto deve ser implementado não só pelo seu cunho social, mas também pela grande importância que as atividades físicas tem para crianças e idosos, principalmente em se tratando da comunidade, de pessoas humildes que não tem muito acesso ao esporte e cultura.

O papel estratégico do projeto também é promover a ONG na Comunidade da Rocinha e adjacências, se tornando uma referência em relação ao esporte e cultura para a comunidade.

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