(Arte)
No Século XIX, o escritor escocês Robert Louis Stevenson acompanhou o surgimento do futebol no Reino Unido. Atualmente, 121 anos após a morte do novelista, o enredo de “O Médico e o Monstro”, sua obra mais famosa, poderia muito bem ser representado pelo camisa 10 atleticano Jesus Dátolo.
Do céu ao inferno, e de vilão a herói. O argentino foi vaiado no primeiro semestre e, com o tempo, caiu para a condição de reserva. Porém, para a reta final do Campeonato Brasileiro, o armador parece começar a redefinir a própria trajetória na competição.
Na goleada por 4 a 1 sobre o Flamengo, Dátolo deixou o gramado do Independência ovacionado pela Massa alvinegra, que assistiu a um show particular do camisa 10 na primeira atuação da temporada digna de quem veste o número mítico às costas.
Não parecia, nem de longe, o mesmo jogador que “entregou a paçoca” contra a Chapecoense, na última rodada do primeiro turno, ocasionando a expulsão de Leonardo Silva.
Naquele dia, o Galo perdeu fora de casa para um time que hoje briga contra o rebaixamento. Algo que não pode se repetir neste domingo, diante do Joinville, em Santa Catarina.
Após a desastrada atuação na Arena Condá, Dátolo tornou-se reserva pela primeira vez com o técnico Levir Culpi. Virou “médico” diante do Vasco, anotando um gol de placa no Maracanã, mas se transformou novamente em monstro na goleada sofrida para o Santos, com novos erros. Depois, se redimiu contra outro time carioca, participando dos quatro gols no massacre sobre o Flamengo: um golaço, duas assistências e o cruzamento que resultou no gol contra.
O argentino terminará o ano com muito menos assistências que as 20 alcançadas em 2014. Porém, os quatro passes para os companheiros marcarem foram todos produzidos nos últimos quatro jogos.
Agora, o armador terá a oportunidade de espantar o lado monstruoso e, como meia de criação, voltar a ser o “filho querido” do treinador atleticano. “(A atuação de Dátolo) É a confirmação de que tenho sorte. Ninguém poderia imaginar que haveria esse enredo de recuperação do Dátolo. A posição dele é meia. As pessoas não têm paciência com determinados jogadores e alguns erros. Isso pesa no atleta”, comentou Levir Culpi.
Nesta quarta-feira (23), o Atlético treinou com Dátolo centralizado no meio de campo. Voltando de suspensão, o armador Giovanni Augusto entrou na vaga de Thiago Ribeiro, alternando-se com Luan pelos lados do ataque.
Marca centenária
Jesus Dátolo veio de graça para o Atlético em 2013. O Internacional avisou à diretoria alvinegra que rescindiria o contrato do argentino, e o Galo venceu a disputa com o Vasco pelo meia.
Já são dois anos de clube e 99 jogos com a camisa alvinegra. A marca centenária acontecerá no domingo, mas poderia ter sido alcançada antes, não fossem as lesões musculares.
Dátolo igualará o número de jogos de Ortiz, ex-goleiro argentino dos anos 1970. Com contrato até o fim de 2016, ele terá a chance de aproximar-se de Cincunegui. O lateral uruguaio segue como estrangeiro que mais defendeu o Galo, com 194 atuações.