(Bruno Haddad/Cruzeiro)
Titular e um dos principais jogadores do Cruzeiro nos últimos jogos do Campeonato Brasileiro da Série B, o zagueiro Ramon vive o seu melhor momento com a camisa estrelada.
Entretanto, para conseguir se firmar no time celeste, o defensor teve que conquistar a confiança da diretoria, treinadores, e superar concorrentes que contavam com prestígio dentro do clube.
De renegado no início da temporada a elogiado pelo técnico Felipão, o zagueiro vive um 2020 intenso, mas, ao menos individualmente, positivo até o momento.
Surpresa na Toca II
Entre os vários rostos conhecidos e a indefinição de quem permaneceria, um jogador em especial chamou a atenção na reapresentação do elenco do Cruzeiro para a temporada 2020.
Surpreendendo colegas, alguns funcionários do clube e até o técnico Adilson Batista, o zagueiro Ramon apareceu na Toca da Raposa II, na primeira semana de janeiro, para participar das atividades como restante do plantel.
Após a surpresa, a Raposa revelou que o defensor havia acertado um pré-contrato com o clube, ainda na gestão do ex-presidente Wagner Pires de Sá - que renunciou em dezembro de 2019 -, que tinha ainda Itair Machado, ex-vice-presidente de futebol, como principal responsável pelas contratações no período.
Acontece que o salário firmado no vínculo estava acima do teto estipulado pelo Conselho Gestor, que administrou o clube estrelado entre dezembro de 2019 e maio de 2020.
A situação fez com que a cúpula estrelada afirmasse que Ramon não seria incorporado ao elenco naquele momento.
O grande número de opções para a defesa, como Léo, Cacá, Arthur, Edu, Manoel e até Dedé, que, assim como hoje, vivia situação indefinida no Cruzeiro, fez com que os dirigentes não fizessem questão de contar com Ramon na época.
Entretanto, em março, à pedido de Adilson Batista, que gostou do desempenho de Ramon durante os treinamentos em janeiro, a Raposa fez uma consulta ao staff do jogador, que acabou fechando com o time celeste, com vencimentos dentro da atual realidade do clube.
Ganhando espaço
Mesmo com o aval de Adilson, Ramon ganhou poucas chances sob o comando do treinador, sendo preterido pela dupla titular Léo e Cacá, e até pelo jovem Arthur, que foi acionado por Batista em alguns confrontos no primeiro semestre.
Quando finalmente recebeu uma oportunidade entre os titulares, na derrota por 1 a 0 para o Coimbra, pelo Campeonato Mineiro, Ramon viu o futebol ser paralisado em razão da pandemia de coronavírus, e Adilson Batista ser demitido do cargo.
Com Enderson Moreira à frente da Raposa, o zagueiro voltou para o fim da fila. Agora, até mesmo atrás de Manoel, que retornava novamente de empréstimo, e de Marllon, que já retornou ao Corinthians.
Pressionado pelo mau momento do Cruzeiro na Série B, Ney Franco, o terceiro treinador da Raposa no ano, resolveu dar uma chance para Ramon, que entrou na equipe na vaga de Cacá, suspenso, no duelo com a Ponte Preta.
Desde então, foram mais cinco jogos, e o zagueiro não saiu mais do time. Seja com Ney - demitido três jogos depois -, com Célio Lúcio, que dirigiu o time interinamente em uma partida, chegando até Felipão, que manteve o defensor em sua reestreia pela equipe celeste.
Mesmo com a fase ruim do time na Série B, os treinadores elogiaram as consistentes atuações do defensor nas partidas.
Luiz Felipe Scolari, inclusive, citou Ramon pela experiência, mesmo com o jogador tendo apenas 25 anos, ao citar os vários garotos que atuaram diante do Operário-PR
"Abro meu coração pra vocês: tenho alguma dificuldade em conhecer os jogadores mais jovens. O Moreno, o Arthur Caíke, o Marquinhos Gabriel, o Jadson, o Ramon, o Fábio, tudo bem, mas os meninos mais novos a gente vai conhecer no decorrer dos treinamentos e do convívio. Mas eu fiquei feliz com a colocação do menino (Adriano), e já é um jogador que a gente já pode pensar em utilizar um pouco mais dentro do grupo", disse Felipão, em entrevista coletiva, após o duelo com a equipe paranaense.