Demissão de Dunga e aposta em Tite por Del Nero vai além do aspecto técnico

Alexandre Simões
asimoes@hojeemdia.com.br
15/06/2016 às 10:45.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:54
 (RODRIGO GAZZANEL/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO)

(RODRIGO GAZZANEL/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO)

Investigado pela Justiça dos Estados Unidos como um dos principais agentes de corrupção no escândalo que abala a Federação Internacional de Futebol Associado (Fifa) há mais de um ano.

Além disso, processado pela própria entidade, que busca judicialmente a devolução de US$ 1,67 milhão (pouco mais de R$ 5 milhões), recebidos por ele entre salários, passagens, diárias e hospedagens, no período em que integrou o seu Comitê Executivo.

O presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Marco Polo Del Nero, passou a ter na dupla Dunga e Gilmar Rinaldi, respectivamente treinador e coordenador técnico da Seleção Brasileira, mais um problema, por causa do baixo rendimento da equipe nas competições oficiais.

Envolvido em várias denúncias, tudo o que Marco Polo Del Nero não quer é virar vidraça também por causa dos fracassos da Seleção Brasileira. E isso decretou a queda de Dunga e Gilmar Rinaldi, pois, em apenas um ano, o Brasil deu vexame em duas edições da Copa América e ainda patina nas Eliminatórias Sul-americanas para a Copa do Mundo de 2018, na Rússia.

Como mostrou o Hoje em Dia, na sua edição de ontem, o aproveitamento da Seleção nos 13 amistosos na segunda Era Dunga foi de 100%. As partidas em competições oficiais também são 13, mas apenas 51% dos pontos disputados foram conquistados.

Aposta

A aposta em Tite, treinador mais vitorioso do futebol brasileiro nesta década, com dois títulos brasileiros (2011 e 2015), uma Libertadores (2012), um Mundial (2012) e uma Recopa (2013), todos dirigindo o[/TEXTO] Corinthians, é a certeza de que a Seleção Brasileira deixará de ser problema por um bom tempo.

O mesmo acontece com o provável convite para o ex-jogador Leonardo ocupar o cargo de coordenador técnico. Com história em clubes da Itália e da França, e com a marca de bom moço, as suspeitas que recaiam sobre Gilmar Rinaldi, que antes de ir trabalhar na CBF era agente de jogadores, não acontecerão.

Mesmo que a inédita medalha de ouro olímpica não seja conquistada, nos Jogos do Rio de Janeiro, em agosto, a pressão será muito menor. Será levado em consideração o fato de que se trata do início de um trabalho.

Com Dunga, ganhar o ouro olímpico seria obrigação. Em caso de fracasso, o desgaste respingaria também no já fragilizado Marco Polo Del Nero, que promove a mudança no comando da Seleção pensando mais nele que no futebol brasileiro.

Discurso

Em 22 de julho de 2014, duas semanas após os 7 a 1 para a Alemanha, nas semifinais da Copa do Mundo, Dunga e Gilmar Rinaldi foram apresentados como personagens principais do que o então presidente da CBF, José Maria Marin, e o seu vice, Marco Polo Del Nero, consideravam o início de um trabalho de resgate do futebol brasileiro.

Em dois anos, nada mudou, no que se refere a organização e aspecto técnico. Em compensação, em representatividade, o Brasil perdeu. Com Marco Polo Del Nero sem viajar ao exterior, pelo medo de ser preso pelo FBI, a Seleção ficou fraca nos bastidores.

Por tudo o que envolve os bastidores da queda de Dunga, fica evidente que o novo treinador será, mais do que nunca, “um parapeito de presidente”, como definiu ontem o ex-mandatário corintiano Andrés Sanchez, amigo pessoal de Tite e que não acreditava no “sim” do técnico a Del Nero, seu inimigo declarado.

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