Depois de 43 anos, F-1 pode alinhar sem brasileiros no grid

Homero Gottardello - Hoje em Dia
20/09/2013 às 08:41.
Atualizado em 20/11/2021 às 12:36

Há 43 anos, a Fórmula 1 não realiza os Grandes Prêmios sem a presença de um piloto brasileiro no grid. Desde o dia 4 de outubro de 1970, quando Emerson Fittipaldi estreou pela Lotus, o Brasil foi presença garantida em todas as provas. Mas a última etapa da temporada pode marcar o fim de uma era. Com a incerteza sobre o futuro de Felipe Massa, que nesta sexta-feira (20) participa dos primeiros treinos do GP de Cingapura, às 7 horas e às 10h30, é possível que a principal categoria do automobilismo mundial alinhe, em 2014, sem nenhum “brazuca”.    As chances de isso ocorrer são maiores do que a Rede Globo deixa transparecer. Afinal a dispensa da Ferrari deixa Massa em posição delicada, já que nenhum time demonstra interesse efetivo por ele. Pior, dos brasileiros que disputam categorias de acesso, Felipe Nasr, o mais cotado para conseguir vaga na F-1, despencou na tabela da GP2, após duas etapas desastrosas na Bélgica e Itália. Da vice-liderança da temporada, caiu para quarta posição. E sua cotação também está em queda.   Omissão   A verdade é que o automobilismo brasileiro dormiu no berço esplêndido das conquistas de Fittipaldi, Nelson Piquet e Ayrton Senna e, nos últimos anos, se omitiu da formação de novos talentos. Os monopostos deram lugar aos modelos da Stock Car e, nivelado por baixo, o esporte a motor nacional hoje só tem lugar para quem fracassou na Europa e Estados Unidos.   A prova do desleixo da Federação Brasileira de Automobilismo (FBA) com a sucessão, na F-1, é a extinção das categorias nacionais disputadas por monopostos. A F-3 brasileira deixou de existir em 1995 – hoje é disputada em apenas um final de semana, com o nome de Brazil Open e apenas seis inscritos – e a F-3 Sudamericana (Sul-Americana), que revelou talentos como Christian Fittipaldi, Ricardo Zonta, Bruno Junqueira, Vitor Meira, Nelsinho Piquet e Luiz Razia, além de Cristiano da Matta, teve apenas 11 carros alinhados no grid da quinta prova do ano, em Curitiba. É, realmente, lamentável.   Esvaziada   Nessa categoria esvaziada, Raphael Raucci e Felipe Guimarães – que também disputa a F-3 Inglesa, onde venceu uma das três baterias, em Brands Hatch – vêm se destacando, mas subir direto do certame continental para a F-1 é algo intangível.   Já na GP3, o Brasil passa pela humilhação de não ter um único representante. No ano passado, Fabiano Machado não conseguiu marcar um ponto sequer nas oito provas da temporada. Igual sorte tiveram Leonardo Cordeiro e Pedro Nunes, em 2011.   Último lampejo foi com Derani, na F-3   Na World Series by Renault (Fórmula Renault 3.5), André Negrão é o brasileiro mais colocado na tabela. Ele pontuou em seis baterias das sete etapas – cada uma com duas baterias – que foram disputadas até esta semana e ocupa a décima posição na classificação, 11 postos à frente de Pietro Fantin, que pontuou em apenas três ocasiões – Yann Cunha e Lucas Foresti ainda estão zerados, mas seguem na luta.   O mais recente lampejo de esperança aconteceu na última etapa da Fórmula 3 Europeia, disputada em Nürburgring, na Alemanha, quando Luis Felipe Derani conquistou dois pódios, os primeiros deste ano. O problema é que, com 75 pontos, ele está bem atrás do americano Félix Serrallés, seu companheiro de equipe na Fortec. Serrallés tem 104 pontos, mas nenhum pódio.   De qualquer forma, Derani vinha sofrendo com a falta de sorte e, agora, tem mais três etapas e nove provas para se firmar entre os ponteiros.   Nos Estados Unidos, Victor Carbone participou de apenas uma prova da Indy Lights, neste ano, e terminou em sétimo lugar – só nove carros participaram da etapa no Barber Park.   De volta à Europa, a World Series tem uma categoria de entrada, a Eurocup Fórmula Renault 2.0, que também conta com três brasileiros: Bruno Bonifacio, Guilherme Silva e Victor Franzoni. Deles, apenas Bonifacio subiu ao pódio neste ano, na segunda bateria da etapa de Spa-Francorchamps.   Fórmula 1.6   Hoje, a única categoria de monopostos digna, disputada no Brasil, é a Fórmula 1.6 (classes 1.6, 1.6 Light e 1.8), criada pela Federação Gaúcha de Automobilismo (FGA). Serão oito provas neste ano, todas disputadas em autódromos do Rio Grande do Sul. O campeonato começou com 14 inscritos e, na quinta etapa, já contou com 17 carros no grid. Minas Gerais se faz representar com dois pilotos: Thiago Muriel e David Gallo – ambos na classe 1.8.   Sendo assim, a participação brasileira na Fórmula 1 tem tudo para, em muito breve, virar somente um capítulo da história. Uma história que, talvez, nunca mais se repita... E tome Stock Car!

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