Flamengo e Atlético abrem amanhã, às 16h, no Maracanã, a 15ª edição do Campeonato Brasileiro por pontos corridos, que carrega como característica maior, desde a sua primeira disputa, em 2003, a elitização da Primeira Divisão nacional, que se transformou, pelo menos no que se refere às primeiras posições, numa briga restrita aos clubes de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.
Com a participação de menos de 50% dos 27 estados brasileiros em pelo menos uma das edições, quando se fala de título, pouco mais de 10% das unidades da federação já levantaram a taça.
A lista liderada por São Paulo, que tem oito títulos, é completada por Minas Gerais e Rio de Janeiro, com três conquistas, cada.
Uma marca dos pontos corridos é o G-4, que até 2015 era o grupo que garantia presença na Libertadores e, que desde o ano passado, passou a ser o número de clubes com vaga na fase de grupos da competição que agora é novamente restrita aos sul-americanos.
A análise do G-4 a partir de 2003 mostra que dos 13 estados que já participaram da competição, apenas seis já tiveram clubes no grupo.
Além de mineiros, paulistas, cariocas e gaúchos, Atlético Paranaense, duas vezes, e Goiás, uma, já foram intrusos na parte de cima da classificação do Brasileirão.
No total, 41 clubes já disputaram a Série A do Campeonato Brasileiro por pontos corridos. Apenas 15 conseguiram integrar o G-4 pelo menos uma vez. Neste ponto, o maior número de frequências é do São Paulo, com nove. O Cruzeiro aparece em segundo, com seis, seguido por Corinthians e Santos, com cinco cada.
Dinheiro da TV
O ponto principal dessa elitização da Série A do Campeonato Brasileiro é a divisão muito desigual do dinheiro pago pela televisão aos clubes para a transmissão dos jogos da competição.
Com seis tipos de cotas diferentes, este ano, um clube do Grupo 6, como os baianos Bahia e Vitória, os paranaenses Atlético e Coritiba ou o pernambucano Sport, receberão quase cinco vezes menos que Flamengo e Corinthians, por exemplo.
Os dois clubes de maior torcida do Brasil levam da TV, só pelo Brasileirão, R$ 170 milhões. Os times que integram o Grupo 6 recebem R$ 35 milhões.
Os mineiros também sofrem com isso, pois Atlético e Cruzeiro recebem R$ 60 milhões, quase três vezes menos que flamenguistas e corintianos, mesma situação vivida pelos gaúchos Internacional e Grêmio.
Os números atuais são frutos do chamado processo de “espanholização” do futebol brasileiro, com Flamengo e Corinthians recebendo muito mais que os concorrentes, como acontece com Real Madrid e Barcelona na Espanha.
Em 2009, por exemplo, o dinheiro total da TV era R$ 300 milhões, menos que a soma de Flamengo e Corinthians em 2017. Além disso, os dois recebiam menos de 40% de cota a mais que os mineiros, por exemplo, e a diferença para o chamado Grupo 6 não chegava a três vezes.
É difícil acreditar que possa haver uma mudança de quadro na Série A do Campeonato Brasileiro de 2017.Editoria de Arte