(Igor Sales/Cruzeiro)
O Cruzeiro apresentou de forma oficial na última quarta-feira o seu elenco e comissão técnica do time feminino, que é uma nova estrutura dentro do organograma institucional do clube. Para cumprir exigência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), que segue normas das entidades superiores (Conmebol e Fifa), a diretoria celeste poderia firmar parceria com uma equipe já existente e apenas usar o escudo do clube no uniforme, ajudando a fomentar o parceiro.
Entretanto, a diretoria estrelada se antecipou ao que deve ser em breve uma futura regra de quem comanda o esporte: de que o futebol feminino seja completamente um braço do clube e não apenas uma parceria entre duas agremiações.
“Existe a necessidade de investimento tanto se o trabalho for interno ou terceirizado, em parceria. Como a partir do ano que vem a CBF sinalizou a obrigatoriedade de se manter a equipe de forma direta, o Cruzeiro se antecipou e em vez de fazer parceria neste ano, optou por fazer de forma direta já neste primeiro momento”, explicou o gerente de futebol Marcone Barbosa.
O dirigente também explicou a diferença entre gerir internamente o próprio time feminino e repassar a gestão da equipe a um parceiro, como alguns clubes da Série A do futebol brasileiro optaram.
“Quando você faz o trabalho de forma direta tem a capacidade de controle maior, autonomia maior para decidir sobre as situações. E o escudo do Cruzeiro é muito pesado, é importante ser bem tratado, e por isso o clube optou por fazer já neste momento (concepção do time feminino) de forma direta e acompanhar mais próximo essa situação, em função de ser uma modalidade nova, algo que está iniciando, uma realidade nova no futebol brasileiro. Pelo que a gente tem acompanhado até agora, uma situação que tem tudo para ter evolução, ter mais apelo do torcedor, da mídia”, analisou Barbosa.
Dicotomia de terceirizações
O Cruzeiro tem uma parceria que gere o projeto do vôlei há dez anos de forma terceirizada, e colhe frutos e títulos com isso. O clube cede sua marca, estrutura física e o apoio do seu torcedor para fortalecer ainda mais o Sada Cruzeiro. Entretanto, outra terceirização não deu muito certo e gerou dor de cabeça para a atual diretoria.
Após encerrar o acordo com o BH Eagles - que geria o time de futebol americano celeste - e assinar com outro grupo, o projeto dessa modalidade acabou desandando. Foram tantos erros administrativos, inclusive com punições do Tribunal de Justiça Desportiva, que ficou inviável tocar o projeto.
Gestão direta
Além do Cruzeiro, Corinthians, CSA, Grêmio, Internacional, Santos, São Paulo e Vasco montaram equipes femininas independentes, ou seja, vão gerir o próprio projeto.
E o Cruzeiro optou por assinar a carteira de trabalho das atletas, o que também gera custo e aumenta o orçamento da modalidade. A equipe celeste gastará mais de R$ 1 milhão para tocar o projeto.
O “investimento básico é em torno de R$ 1 milhão. O Cruzeiro está buscando parcerias, patrocinadores. E a medida que houver essa captação o investimento pode aumentar sim. A ideia do presidente é fazer uma equipe com condições de disputar o título da Série A2, e para disputar títulos é como no futebol masculino, é preciso investimento. O Cruzeiro vai aumentar esse investimento assim que tiver o incremento de patrocinadores”, comentou Marcone Barbosa.
Fidelização e mais engajamento com a torcida
Em entrevista recente, a gestora do projeto de futebol feminino do Cruzeiro, Bárbara Fonseca, falou sobre a diferença de ter um time "sangue puro" em relação ao terceirizado.
É diferente quando se tem um projeto ligado diretamente ao clube. Claro que é importante ver o futebol feminino crescer, até mesmo pelas parcerias, mas um projeto completamente ligado ao clube fideliza o torcedor, parte importante demais nesse primeiro momento. As parcerias têm essa dificuldade de fidelização, o torcedor não se identifica com o clube terceirizado. Vejo o Cruzeiro no caminho certo”, comentou.