Duas décadas depois do 1º título, Roland Garros ainda se rende a Guga Kuerten

Felipe Rosa Mendes
28/05/2017 às 13:48.
Atualizado em 15/11/2021 às 14:45

O coração que Gustavo Kuerten desenhou no saibro ainda pulsa em Roland Garros. Vinte anos depois da primeira conquista do brasileiro em Paris, o Grand Slam francês se rende ao carisma e às façanhas do catarinense. Somente nesta edição do torneio, que terá início neste domingo, Guga será homenageado duas vezes. Segue, assim, cultivando as suas marcas na tradicional competição.

A "herança" do surpreendente título conquistado em 1997 pode ser vista mesmo em um rápido passeio pelo complexo de Roland Garros. Seu nome está lá na parede das diversas entradas da Philippe Chatrier, o palco central do torneio, onde Guga levantou seus três troféus. Aparece na galeria dos campeões na sala presidencial da Federação Francesa de Tênis. Também está registrado no concreto no topo da quadra 1, ao lado dos demais campeões da competição.

O famoso uniforme amarelo e azul, a marca que identificava aquele tenista ainda desconhecido do público quando da conquista do primeiro título, está lá no museu do torneio. Assim como a imagem do coração desenhado no saibro, na campanha que levou ao terceiro troféu. Foi graças ao tenista que a bandeira brasileira tremulou no topo da quadra central.

Imagens de Guga com seus troféus também surgem perto da quadra Suzanne Lenglen, a número dois do complexo. Os resultados e a identificação do brasileiro com o torneio levaram ainda Guga a aparecer em stands dos patrocinadores, principalmente agora que é garoto-propaganda de duas marcas que também patrocinam Roland Garros.

A forte ligação entre Guga e o Grand Slam está sendo reforçada neste ano, com duas homenagens no torneio. Uma delas foi elaborada pela própria Federação Francesa de Tênis. Para celebrar os 20 anos da primeira conquista, a entidade mandou uma equipe de documentaristas a Florianópolis em março para resgatar a história do rapaz de 20 anos que surpreendeu o mundo do tênis ao despachar favoritos e rivais experientes e faturar o título de Roland Garros quando era apenas o número 66 do ranking.

O curto documentário, revelado pelo jornal O Estado de S.Paulo ainda em março, foi lançado nesta semana como forma de destacar a história do brasileiro no campeonato. Em quase 20 minutos de produção, familiares e amigos lembram da trajetória inesperada de Guga em Paris. E admitem a surpresa com o título, como o próprio ex-tenista reconhece até hoje.

"Cheguei ali garoto e consegui me apropriar de tudo aquilo. Na comemoração, fui abraçar o Larri (Passos, técnico), a mãe, meu irmão, tinha essa sensação de estar em família, de estar em casa em Roland Garros. É muito absurdo esse pensamento, né. Mas foi o que aconteceu", disse Guga, em entrevista recente à reportagem.

Presente desde sexta-feira em Roland Garros, onde atuará principalmente como garoto-propaganda, o brasileiro ainda receberá outra homenagem na segunda semana do torneio. Desta vez, será festejado pelo Hall da Fama, do qual já faz parte, em evento ainda não revelado pela organização. Até lá, continuará deixando suas marcas no tradicional Grand Slam francês.
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