Duas faces do recomeço: Atlético e Cruzeiro retomam Mineiro em situações distintas

Henrique André e Guilherme Piu
Hoje em Dia - Belo Horizonte
17/07/2020 às 23:00.
Atualizado em 27/10/2021 às 04:03
 (Bruno Cantini/Atlético e Gustavo Aleixo/Cruzeiro)

(Bruno Cantini/Atlético e Gustavo Aleixo/Cruzeiro)

Mais do que nunca, a retomada do Campeonato Mineiro, dia 26, após a pausa provocada pela pandemia de Covid-19, verá as duas maiores forças do futebol do estado em situações distintas. O Atlético, que começou o ano em crise, eliminado da Copa do Brasil pelo modesto Afogados-PE, e com carências em algumas posições do time, ganhou reforços no banco e em campo. Jogadores de experiência e potencial com status de titulares, sob o comando de um Jorge Sampaoli que teve todo o tempo para implementar sua filosofia de trabalho. Terceiro no Estadual, o Galo pode ficar ainda mais próximo da classificação às semifinais se vencer o líder, América, pela 10ª rodada.

Já o Cruzeiro viveu movimento oposto. As saídas de atletas durante a parada superaram, em muito, as chegadas e retornos (caso do volante Henrique, que começou o ano no Fluminense). Os problemas financeiros e a necessidade de superar a crise seguem dando o tom, e determinando o nível técnico da equipe, agora comandada por Enderson Moreira. Se há nomes experientes para encorpar um time jovem, a Raposa já volta ao gramado com um desafio: hoje ocupa o quinto lugar na classificação, a três pontos da Caldense. Terá apenas duas partidas na fase classificatória (uma contra a própria Veterana) para se garantir na fase decisiva.Bruno Cantini/Atlético e Gustavo Aleixo/Cruzeiro

 Depois do início complicado, Galo tem

'técnico dos sonhos' e chuva de reforços

Da tormenta à calmaria. É assim que o Atlético tem vivido os últimos meses, principalmente durante a pandemia do novo coronavírus. Se há pouco mais de 140 dias o clima era de instabilidade total, principalmente com a eliminação na Copa do Brasil para o modesto Afogados, de Pernambuco, atualmente, a expectativa é de briga por título no Campeonato Mineiro, conquistado pela última vez em 2017, como também no  Brasileiro, que se inicia em 9 de agosto. Mas, por quê?

Desde a demissão do trio Rui Costa (ex-diretor executivo), Marques (ex-gerente de futebol) e Rafael Dudamel (ex-treinador), a austeridade pregada pelo presidente Sérgio Sette Câmara se transformou em ousadia total, principalmente com a ajuda do empresário Rubens Menin. Com as chegadas do cobiçado técnico argentino Jorge Sampaoli e de Alexandre Mattos, considerado um dos melhores executivos do país, o clube mudou de patamar, mesmo sem a bola rolando.

Com uma extensa lista de dispensas, que contou com peças antes titulares, como os atacantes Ricardo Oliveira e Di Santo, e o volante Zé Welison, além da transferência do lateral-direito Patric para o Sport, o alvinegro ganhou respiro no caixa e pôde se lançar ao mercado com condições de bancar os vencimentos. A demissão de mais de 200 funcionários, alguns com mais de duas décadas no clube, também aliviou e muito a folha de pagamento.

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Exigente, Sampaoli apresentou um 'menu' de pedidos à diretoria e, até o momento, conseguiu seis reforços importantes. Do Equador, veio o volante Alan Franco, campeão da Sul-Americana pelo Independiente Del Vale. Da argentina, o zagueiro paraguaio Junior Alonso, ex-Boca Juniors; no Goiás, o clube buscou o volante Léo Sena; por R$ 13 milhões, o experiente atacante Keno foi contratado junto ao Pyramids, do Egito; do Vasco, veio a jovem promessa Marrony, de 21 anos; do Japão, veio o zagueiro Bueno, emprestado pelo Kashima Antlers.

Extrapolando a casa dos R$ 100 milhões em contratações, o Atlético ainda deve dar uma cereja do bolo a Sampaoli. Com a lesão de Tardelli, fora até dezembro, no mínimo, o clube pode anunciar, ainda neste fim de semana, um novo atacante. Nahuel Bustos, atacante de 21 anos que defende o Talleres, da Argentina, é o principal nome. Ele custaria cerca de R$ 40 milhões (70% dos direitos econômicos), mais uma vez, com o "socorro" de Menin. Será que o grande time no papel dará resultados em campo e brigará por títulos? A ver.

 Raposa encara problemas financeiros e

aposta em misto de experiência e juventude

 O Cruzeiro vive o pior momento financeiro de sua quase centenária história e os impactos por pouco não implodiram o departamento de futebol. Desde o começo do ano, como se diz no popular, os dirigentes tentam "tapar o sol com a peneira" para montar um time competitivo, que possa recolocar a Raposa na Série A do Campeonato Brasileiro. Antes disso, um desafio: em quinto lugar no Campeonato Mineiro, a equipe celeste está a três pontos da Caldense, quarta.

De um grupo que custava R$ 15 milhões mensais  na temporada passada o Cruzeiro precisou reduzir drasticamente os custos. Sem dinheiro, muitos dos medalhões saíram - alguns por meio da Justiça, alegando salários e verbas trabalhistas atrasadas. Até a chegada de Enderson Moreira ao clube muita água passou por debaixo da ponte. Desde janeiro o Cruzeiro contratou 13 jogadores, mais que um time titular. Dessas contratações muitas foram contestadas, como o lateral-esquerdo João Lucas e o atacante Roberson.

Outras já saíram do clube, como os meias Jhonata Robert e Éverton Felipe, que também não renderam o esperado e foram solicitados por seus respectivos clubes, Grêmio e São Paulo. Fora os medalhões que haviam permanecido, mas foram descartados posteriormente: o lateral-direito Edílson e o meia Robinho.

A  equipe de garotos do começo da temporada começa a ganhar uma cara de time "mais encorpado" mesmo com severas limitações financeiras. Foram contratados os meia-atacantes Régis e Angulo, o lateral-direito paraguaio Cáceres, os jovens Gui Mendes e Claudinho, além do retorno do volante Henrique, que no começo do ano saiu para o Fluminense, mas depois de sete meses voltou à Toca.

Confiança

Mesmo com tantas mudanças o técnico Enderson Moreira acredita no bom desempenho do time, que terá seu primeiro desafio no dia 26, na retomada do Mineiro, contra a URT, pela 10ª rodada. "A gente está num caminho muito bacana. Eu, sinceramente, acho que vocês estão chegando muito rapidamente em uma situação que a minha expectativa é de que a gente fosse demorar mais (...) Vamos montar um time intragável. Quem nos enfrentar vai sentir na pele. Vamos fazer o campo virar para eles. Vamos dar uma inclinada que eles vão olhar e ver o campo assim, uma subida”, disse Enderson, flagrado em um papo reservado com os jogadores durante transmissão ao vivo na Toca II.

Mesmo ainda sem jogos e com pouco tempo de trabalho no CT azul o treinador diz que enxerga evolução no time, que carece de reforços. Estão sendo procurados laterais direito e esquerdo, além de um atacante.

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