Duelo de especialistas em estratégia dá a tônica da decisão em Minas

Mamede Filho - Hoje em Dia
13/04/2014 às 09:52.
Atualizado em 18/11/2021 às 02:06

Falta pouco para uma das duas maiores torcidas de Minas Gerais soltar o grito de campeão. Mas, para esses dois senhores, a decisão do Estadual não se resume ao domingo. A tão sonhada festa do título só será possível graças ao que está na cabeça dos comandantes de Cruzeiro e Atlético.

A estratégia, as jogadas ensaiadas, os escolhidos para representar em campo duas das camisas mais tradicionais do futebol mundial. Tudo passará por Marcelo Oliveira, do lado estrelado, e Paulo Autuori, que defende o preto e o branco.

Chegar à final era “obrigação”, cumprida sem sustos pelos dois gigantes. A Raposa teve a melhor campanha na primeira fase, enquanto o Galo praticamente precisou de apenas um jogo para chegar à decisão, ao golear o América na ida da semifinal.

Um trabalho bem feito que será coroado apenas de um lado. Um desses dois deixará hoje o Mineirão como herói de uma nação inteira.

Troféu para confirmar a volta do time estrelado aos eixos

O começo da temporada não foi o sonhado pela China Azul. A melhor campanha da primeira fase do Campeonato Mineiro rendeu elogios ao Cruzeiro, mas os tropeços na Copa Libertadores ligaram o sinal de alerta na Toca II. Com a classificação às oitavas de final da competição continental garantida, Marcelo Oliveira agora quer o título estadual para provar que seu time está de volta aos eixos.

“Temos consciência de que oscilamos um pouco na temporada, principalmente na Libertadores. Fizemos excepcionais partidas e algumas não tão boas, outras com desatenções. Mas não levamos gols nos últimos cinco jogos. Isso mostra um time forte, equilibrado, que tem jogado muito bem. Acredito que estamos no rumo certo e caminhando em direção aos objetivos traçados”, afirma o comandante estrelado.

Desde que chegou à Raposa, Marcelo Oliveira conquistou a torcida ao montar um time veloz, mortal no ataque e dono de um jogo aéreo capaz de amedrontar qualquer zagueiro adversário.

O treinador cruzeirense soube mesclar a experiência de nomes como Júlio Baptista e Dagoberto à juventude e talento de Éverton Ribeiro e Ricardo Goulart, por exemplo. Agora, vislumbra o segundo título com o time estrelado como uma demonstração de que comanda um grupo amadurecido.

“Esse ano estamos mais maduros, com um trabalho equilibrado, de dois anos. Agora, precisamos concretizar. Esperamos conquistar esse titulo”, destaca.
Como jogador do maior rival, Marcelo Oliveira conquistou por quatro vezes o Campeonato Mineiro, em 1976, 1978, 1979 e 1983. Agora, espera escrever um novo capítulo nessa relação de amor com o Estadual, desta vez pela equipe estrelada.

Com a missão de coroar a eficiência do "novo" Galo

Paulo Autuori chegou ao Atlético sob o olhar desconfiado do torcedor e uma missão ingrata: substituir o homem responsável pelo título mais importante da história do clube.

A promessa em janeiro era a de que não mudaria o estilo de jogo imposto por Cuca. Mas o que se viu com o passar do tempo foi uma outra história. O Galo mudou e não foi pouco. A velocidade do ano passado foi substituída pela posse de bola. O número de gols caiu. Tanto os feitos quanto os sofridos. O time parece mais equilibrado. Não brilha tanto no Independência, mas também tem sofrido bem menos quando joga fora de casa.

Essa regularidade é comprovada pelos números. O Atlético está há 16 jogos sem perder, uma sequência que nem o badalado antecessor alcançou, mas Autuori não se importa muito com isso.

“Essa invencibilidade é o de menos. O importante é continuar trabalhando para alcançar nossos objetivos”, desconversa.

O problema para Autuori e seus comandados é que não basta evitar a derrota para o maior rival. Se não vencer o jogo de hoje, o Galo não conquistará o tricampeonato, que seria o primeiro no Estadual do novo milênio.

“Sabemos que precisamos vencer. Sabemos que vamos enfrentar uma grande equipe, muito bem treinada pelo Marcelo Oliveira nesses últimos anos. Mas também temos consciência da nossa força, sabemos que podemos sim vencer o Cruzeiro no Mineirão”, diz o confiante treinador.

Se levantar a taça do Mineiro, Autuori, que sentiu esse gostinho pelo Cruzeiro, em 1997, não estará somente entrando no seleto grupo de campeões estaduais pelos dois gigantes das alterosas. Estará mostrando que seu time pode ser menos vistoso, mas tão eficiente quanto o Galo de 2013.

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