Em 1940, a primeira final entre os rivais. Comandado por Niginho, Palestra Itália levou a melhor

Alexandre Simões
asimoes@hojeemdia.com.br
31/03/2018 às 00:08.
Atualizado em 03/11/2021 às 02:06
 (Arquivo/Cruzeiro)

(Arquivo/Cruzeiro)

A primeira decisão estadual entre os dois grandes rivais do futebol de Minas Gerais aconteceu no auge da Segunda Guerra Mundial e com o Cruzeiro ainda se chamando Palestra Itália. A Raposa levou a melhor sobre o Galo, vencendo duas das três partidas de uma final que teve até jogo começando sem a bola em campo.

O campeonato de 1940 contou com a participação de seis clubes e tinha a previsão de ser disputado em três turnos de pontos corridos. A competição sofreu várias interrupções durante seu transcurso, o que provocou séria crise financeira nos clubes. O Sete de Setembro abandonou a disputa, e Villa Nova e América dispensaram o plantel profissional. Com pouco mais da metade do returno disputado, os clubes decidiram encerrar o torneio, programando a decisão do título entre Atlético e Cruzeiro, que eram os líderes.

Uma marca dos duelos finais foram as vitórias dos visitantes. O time celeste ganhou o primeiro jogo por 3 a 1, em 29 de dezembro de 1940, em pleno Estádio de Lourdes, onde hoje está o Diamond Mall. No dia 5 de janeiro de 1941, no Estádio JK, no Barro Preto, o Atlético se deu bem e derrotou o rival por 2 a 1. A terceira e decisiva partida foi marcada para o Estádio da Alameda, que pertencia ao América e ficava em Santa Efigênia, onde hoje está o hipermercado Extra.

Último confronto começou sem a bola

Raimundo Sampaio, histórico dirigente do Sete de Setembro, que dá nome ao Independência, tinha apitado os dois primeiros jogos da final. Para o terceiro confronto, foi trazido, do Rio de Janeiro, Mário Vianna, o melhor árbitro brasileiro da época. E ele, segundo relato no Almanaque do Cruzeiro, deu uma grande "mancada", ao dar início à partida sem a bola. Conforme contam os jornais da época, demorou quase meia hora a busca pela "pelota" para que a decisão pudesse realmente começar.

Com a bola rolando, o Cruzeiro, que contava com Niginho em dia inspirado, levou a melhor e ficou com o título, vencendo por 2 a 0. Os torcedores improvisaram uma passeata em comemoração ao título, que só terminou na sede do clube, no Barro Preto. A conquista do campeonato quebrou uma série de 10 anos do Cruzeiro sem levantar a taça. O Atlético, pela terceira vez consecutiva, não conseguiu um tricampeonato. O alvinegro havia perdido o tri em 1928 e 1933.

AS FICHAS DOS JOGOS DECISIVOS

ATLÉTICO 1 X 3 CRUZEIRO

Data: 29 de dezembro de1940
Local: Estádio Antônio Carlos
Gols: Alcides e Niginho (2), para o Palestra Itália; Paulo, para o Atlético
Arbitragem: Raimundo Sampaio

Atlético
Kafunga; Airton e Evando; Cafifa, Jaime e Quirino (Alcindo); Hamilton, Selado (Paulo), Baiano, Nicola e Rezende
Técnico: Said

Cruzeiro
Geraldo II; Caieira e Bibi; Souza (Carazo), Juca e Caieirinha; Nogueirinha, Orlando, Niginho, Carlos Alberto (Geraldino) e Alcides
Técnico: Bengala

CRUZEIRO 1 X 2 ATLÉTICO

Data: 5 de janeiro de 1941
Local: Estádio JK
Gols: Edgar e Rezende (Atlético); Dejardes (Palestra Itália)
Arbitragem: Raimundo Sampaio

Cruzeiro
Geraldo II; Caieira e Bibi; Souza, Juca e Caieirinha; Nogueirinha, Orlando, Niginho, Carlos Alberto (Carazo) e Dejardes (Alcides)
Técnico: Bengala

Atlético
Kafunga; Linthom e Evando; Cafifa, Jaime e Quirino; Edgar, Baiano, Paulo (Itália), Selado e Rezende
Técnico: Said

CRUZEIRO 2 X 0 ATLÉTICO

Data: 12 de janeiro de 1941
Local: Estádio da Alameda
Gols: Alcides e Niginho (Palestra Itália)
Arbitragem: Mário Vianna (RJ)

Cruzeiro
Geraldo II; Caieira e Bibi; Souza, Juca e Caieirinha; Nogueirinha, Orlando, Niginho, Carazo e Alcides (Dejardes)
Técnico: Bengala

Atlético
Kafunga; Linthom e Evando; Cafifa, Jaime e Quirino; Edgar, Baiano, Paulo (Itália), Selado e Rezende
Técnico: Said

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