Em busca de talentos do MMA, XFC reúne cerca de 80 lutadores em BH

Felippe Drummond Neto - Hoje em Dia
09/01/2015 às 07:55.
Atualizado em 18/11/2021 às 05:36
 (Samuel Costa/Hoje em Dia)

(Samuel Costa/Hoje em Dia)

Na década de 1980, o Pará chamou a atenção da imprensa mundial graças à corrida do ouro em Serra Pelada, maior garimpo a céu aberto do mundo. Guardadas as proporções, o Xtreme Fighting Championships (XFC) também tem o papel de promover o garimpo, só que de lutadores com potencial para se transformarem em talentos do MMA mineiro. O trabalho teve início na última quinta-feira (8) em uma academia de Belo Horizonte.

Durante três horas, cerca de 80 lutadores da capital mostraram suas técnicas de luta em pé, agarrada e jiu-jitsu, sob os olhares atentos dos organizadores da franquia americana e até mesmo de Myron Molotky, presidente do XFC, entidade sediada em Michigan, nos Estados Unidos, com escritórios em Nova York, Tampa, Fort Lauderdale, São Paulo, e Buenos Aires.

Além de lutadores e organizadores também estavam presentes nomes já conhecidos no esporte, como Guilherme Bomba, Joaquim Mamute, Thiago Michel, Cristiano Titi e Gustavo Coelho, acompanhando alunos e amigos.

Para alguns participantes, o treino aberto pode ter sido uma chance única de mostrar talento. “É uma oportunidade muito boa para mostrarmos o que treinamos todos os dias e no que somos bons”, avalia Denis três dedos, como é apelidado, graças a uma anomalia na mão esquerda.

Ajudante de mecânico, o lutador, de 20 anos, divide seu tempo entre a oficina e as aulas de Muay Thai, recebendo em média R$ 400 por mês. Deninho que espera chegar aos maiores eventos de MMA do Mundo venceu as sete lutas que fez na carreira. “Sempre assisto aos eventos pensando que um dia serei eu lá, passando na TV para todo mundo assistir. Tenho certeza que serei campeão dos grandes eventos de MMA do mundo”, diz.

Policial militar

Quem também comemorou a oportunidade foi o policial militar Luiz Felipe Bope, que já fez 13 lutas no MMA, com um cartel de oito vitórias e cinco derrotas. “Divido minha vida nas duas coisas que mais amo, prender bandidos e lutar. Atualmente tiro meu sustento da PM, onde trabalho por dez horas, dia sim, dia não. Mas meu sonho é viver da luta. Sei o quanto isso é difícil, mas se tiver a oportunidade vou mostrar que sou capaz”, avisa.

As mulheres tiveram espaço no XFC e mostraram que também sabem lutar. “Ainda existe muito preconceito com as mulheres na luta, mas essas oportunidades são boas para mostrarmos que podemos lutar”, avalia a educadora social Simone Almeida, que foi para o treino após virar a noite trabalhando.

“Trabalhei durante toda a madrugada e não dormi para estar aqui. Vale a pena o esforço, afinal meu sonho é ser uma lutadora e para isso faço qualquer sacrifício“, disse Simoninha, que divide seu tempo entre o Ministério Programa Criança Feliz, onde recebe um salário mínimo, e a academia onde treina Muay Thai, Jiu-jitsu e MMA, onde treina cinco vezes por semana.

Myron Molotky aprovou o treinamento. “Gostei muito dos lutadores mineiros, alguns inclusive se mostraram prontos. É importante fazermos este trabalh. Enquanto alguns eventos buscam atletas prontos, vamos atrás de lutadores com potencial, para lapidá-los”, explica.  

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