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O empresário brasileiro José Margulies admitiu diante da Corte de Nova York que pagou por anos "propinas de forma regular" para dirigentes sul-americanos para garantir contratos desde 1991. A reportagem do jornal O Estado de S. Paulo havia antecipado com exclusividade que o brasileiro estava fechando um acordo de delação premiada com a Justiça dos Estados Unidos, depois que se entregou no final de 2015. Seu objetivo é o de evitar uma pena de 20 anos de prisão.
Agora, nos documentos liberados pelos norte-americanos sobre o processo, Margulies dá detalhes sobre como funcionou o esquema de corrupção que o levou para a prisão em 2015. Entre os réus está também José Maria Marin, ex-presidente da CBF. Marco Polo del Nero, atual presidente da entidade, também foi indiciado.
Segundo Margulies, ele começou em 1986 a "ajudar José Hawilla, dono da Traffic, a conseguir direitos de transmissão de jogos" para torneios pelas Américas, inclusive partidas das Eliminatórias da Copa e do torneio olímpico. "Começando em 1991, eu ajudei a pagar propinas em nome da Traffic para vários dirigentes da Conmebol", disse ao juiz.
"Eu sabia que esses dirigentes estavam usando suas posições de autoridade para se enriquecer", declarou. "Eu também sabia que essas propinas foram feitas para garantir que a Traffic tivesse e mantivesse os direitos comerciais sobre esses eventos, assim como para várias edições das Eliminatórias para a Copa do Mundo", explicou.
Segundo Margulies, esses pagamentos foram feitos "de forma regular até 2007" e outras propinas também foram feitas em nome da Torneos e Competências, uma outra empresa que comprava direitos. "Começando em 2000 e até 2015, fiz transferências de dinheiro de forma periódica em nome de empresas conhecidas pela Torneos", apontou. Um dos eventos de interesse era a Copa Libertadores da América.
O brasileiro afirmou sentir "remorso pelos problemas que causou para minha família, para o mundo do futebol e para os EUA". "Com meu reconhecimento de culpa, eu tomo o primeiro passo para reparar esses problemas", enfatizou.