A estratégia de corrida nas dez etapas que restam na temporada da Fórmula 1 terá de ser repensada. O comportamento dos novos pneus Pirelli, testados em Silverstone, de quarta a sexta-feira (19) da semana passada, somado a nova velocidade nos boxes, 80 km/h, em substituição aos 100 km/h, são fatores que levaram os estrategistas das equipes a rever a forma de ver a competição.
O site da revista Autosport colocou no ar, nesta segunda-feira (22), reportagem com as explicações dos responsáveis pela estratégia sobre o que deverá ser levado em conta, agora. Os novos pneus sugeriram, no exigente circuito inglês, ter maior vida útil que os pneus utilizados até o GP da Inglaterra, lá mesmo, dia 30. Em outras palavras, parece provável que haverá menos pit stops.
Além disso, o tempo perdido na área dos boxes, por exemplo, cresce com a velocidade menor. A análise da Autosport oferece até alguns dados repassados pelos engenheiros: no caso da próxima etapa do calendário, na Hungria, os pilotos vão necessitar de 16,4 segundos para percorrer a área dos boxes, enquanto faziam em 12,3 segundos.
Deve ser acrescentado o tempo em que o carro permanece parado para a substituição dos pneus, entre 2 e 4 segundos. Isso para cada parada nos boxes. São mudanças de alguma relevância. É por isso que dispor de um conjunto carro-piloto capaz de garantir maior autonomia aos pneus pode ser até ainda mais decisivo do que vinha sendo até o GP da Grã-Bretanha.
A maior razão para explicar a destruição dos pneus de cinco pilotos em Silverstone, o que motivou o teste da semana passada, foi o fato de Ferrari, Lotus e Force India não concordarem com o pedido da Pirelli de rever os pneus desta temporada. A empresa italiana não utilizou a palavra segurança para solicitar a mudança. Apenas reduzir o número de pit stops. No GP da Espanha havia sido quatro.
Como todos os times precisavam concordar com a introdução de novos pneus, a Pirelli foi obrigada a levar para o GP da Inglaterra os mesmos pneus, sabendo que o veloz traçado seria o maior desafio para os seus pneus. E, para complicar, não controlou se as equipes seguiram as especificações de pressão, inclinação da roda e, principalmente, impossibilidade de trocar os pneus de lado. Resultado: Lewis Hamilton, da Mercedes, Felipe Massa, Ferrari, Jean-Eric Vergne, Toro Rosso, Esteban Gutierrez, Sauber, e Sergio Pérez, McLaren, tiveram um pneu destruído.
Até então, Lotus, Ferrari e Force India eram as que melhor administravam o desgaste dos pneus deste ano, produzidos com um composto de borracha mais macio na banda de rodagem, para melhorar a performance dos carros e aumentar o número de pit stops, de apenas um, no final de 2012, para dois e até três. Esse foi o motivo de dizerem "não" a Pirelli para rever os pneus deste ano.
Os pneus testados em Silverstone, semana passada, não têm mais sua estrutura confeccionada com fios de aço, como vinha sendo. Mas em Kevlar, material mais resistente. Já o composto da banda de rodagem segue sendo o de 2013. Mas com a nova estrutura seu comportamento mudou.
Não é mais possível se afirmar que Lotus, Ferrari e Force India vão continuar com a vantagem de administrar melhor a degradação dos pneus. Eles são outros, ainda que não radicalmente distintos. Mas, se for o caso de essas três equipes manterem-se na vanguarda no consumo de pneus, a nova realidade das corridas, introduzida pelos novos pneus, pode lhes ser ainda mais favorável nesse sentido.
Pode acontecer, também, de algum grupo de técnicos de outro time ter redesenhado as suspensões e introduzido alterações aerodinâmicas, específicas para as características dos novos pneus, bem-sucedidas e seu carro aumentar a eficiência.
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