Estaduais consagram treinadores emergentes. Chegou a vez da juventude

Rodrigo Gini
Hoje em Dia - Belo Horizonte
08/05/2017 às 19:27.
Atualizado em 15/11/2021 às 14:28

O fenômeno, ao que tudo indica, é global e, no Brasil, ficou claro domingo, com a definição de alguns dos principais campeonatos estaduais do país: enquanto equipes comandadas por técnicos medalhões, com currículo vitorioso, ficaram pelo caminho, a festa foi de uma turma de emergentes menos badalados, em alguns casos alçada ao comando de seus times como solução provisória, em meio ao descrédito da imprensa e da torcida.

Resultados como os de Roger Machado, com o Atlético; Fábio Carille, com o Corinthians, Zé Ricardo, à frente do Flamengo, Pachequinho, no Coritiba ou Beto Campos, que levou o Novo Hamburgo ao inédito título gaúcho, mostram que a tão cobrada renovação nos bancos de reservas finalmente começa a ganhar força.

Do grupo, Roger, que conquistou com o Atlético o primeiro título da carreira, é o mais conhecido, e que já contava com um trabalho em grande clube capaz de despertar o interesse de vários times (Palmeiras e Fluminense, entre eles) para a temporada. Se não conseguiu levar o Grêmio, onde surgiu como jogador, a erguer um troféu, montou a base que permitiu ao sucessor Renato Gaúcho vencer a Copa do Brasil. E a boa campanha também na Libertadores, com a classificação antecipada às oitavas, confirma a coerência do trabalho e de decisões como poupar titulares diante do Sport Boys, na Bolívia.

Grande parte da lista dos novos campeões se tornou uma agradável surpresa mesmo para os próprios torcedores. Não é o caso apenas de Pachequinho que, como atacante, marcou época no Coritiba na década de 1990, transformando-se mais tarde em auxiliar permanente na comissão técnica do Coxa. A dispensa de Paulo César Carpegiani abriu caminho para o que seria uma substituição temporária e se tornou cargo efetivo, com direito a escapar do rebaixamento à Série B e goleada sobre o rival Atlético-PR em plena Arena da Baixada, no primeiro jogo da decisão do Paranaense.

Economia

Solução caseira também para Flamengo e Corinthians, com a nada desprezável vantagem da economia nas contas, que certamente será menor na hora da renovação dos contratos. José Ricardo Mannarino deixou os gramados ainda nas categorias de base do Olaria, se tornou professor de educação física e chegou ao rubro-negro para comandar o Futsal. De lá para o Sub-13, Sub-15, Sub-17 e Sub-20, de onde foi puxado para o time adulto. E quando Muricy Ramalho foi obrigado a encerrar o contrato por problemas de saúde, ano passado, ganhou a grande chance da carreira, a ponto de justificar a efetivação pelo presidente Eduardo Bandeira de Mello.

No Timão, Fábio Carille (que teve discreta carreira como zagueiro e lateral) ganhou prestígio como auxiliar de Mano Menezes e Tite. Considerado discípulo do hoje treinador da Seleção Brasileira, não era, no entanto, sequer opção quando a direção buscou um substituto para Oswaldo de Oliveira – o colombiano Reinaldo Rueda e Dorival Júnior foram alguns dos nomes especulados. E diante de rivais como o campeão brasileiro Palmeiras, o badalado e reforçado São Paulo, de Rogério Ceni, e o próprio Santos, de Dorival, fez prevalecer um grupo relativamente modesto, em que os retornos de Jô e Jadson e a contratação do turco Kazim foram as principais novidades.

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