(Divulgação/CVC)
Através de uma indicação do prefeito Alexandre Kalil, o Atlético solicitou a compra de um equipamento inovador da medicina esportiva, no segundo semestre de 2016: a esteira antigravidade para auxílio na recuperação de atletas lesionados. É o equipamento que o Cruzeiro utilizará para o tratamento da contusão de Fred. Mas no caso do Galo, a esteira não chegou.
A questão foi parar na Justiça (23ª Vara Cível de Belo Horizonte). O clube alvinegro comprou a esteira fabricada nos EUA - pela empresa AlterG Inc. - em dezembro de 2016, através da representante oficial no Brasil, a importadora CVC Equipamentos Médicos.
O preço da compra foi de R$ 203.900,00, sendo divididos em quatro parcelas. A diretoria alvinegra pagou a primeira parcela, de R$ 101.950,00, em 2 de janeiro de 2017. As outras três, no valor de R$ 33.983,00, seriam liquidadas após a entrega do equipamento.
Mas a esteira segue distante da Cidade do Galo, após mais de um ano de espera, sendo que o prazo inicial de entrega era de 30 dias úteis depois da confirmação do pedido. Resultado: em 14 de março deste ano, o Galo impetrou uma ação judicial contra a importadora do equipamento, peticionando o fim da relação de consumidor com a CVC, além de danos morais e materiais, com o reembolso dos R$ 101,9 mil pagos, que saltariam para R$ 104 mil em valores corrigidos.
"Em todas as oportunidades, os funcionários da CVC afirmaram que em 30 (dias) os equipamentos seriam entregues - eleve-se, o que não ocorreu. Assim, dado que todas as promessas da Empresa foram solenemente descumpridas, requereu o Clube a rescisão do contrato de compra e venda, com o envio de e-mail, (i) manifestando desistência dos equipamentos e (ii) pugnando pela devolução do valor depositado a título de entrada, no importe de R$ 101.950,00, em 48 horas, sob pena de propositura de ação judicial para ver reavido o valor. O reembolso não foi realizado pela Empresa Ré, de sorte que não restou outra alternativa ao Clube Autor, senão a propositura da presente demanda", relata a petição inicial do clube alvinegro.
RAPOSA CIENTE
Inclusive, tal reclamação do Atlético teve influência no Cruzeiro, que não buscou a representante legal brasileira da AlterG Inc. para adiquirir a esteira que ajudará na aceleração do tratamento do atacante Fred, vítima de uma dupla lesão no joelho direito - rompimento do ligamento cruzado anterior e outra lesão na parte periférica do joelho.
A redução da gravidade facilitaria a pressão exercida no impacto do joelho de Fred quando ele começar o processo de recuperação física. Além de reabilitar lesões dos membros inferiores com menos dor e impacto; melhorar a mobilidade e força por meio de um padrão de exercício mais seguro, e redução de estresse nas articulações e músculos.
“Você isola o atleta e ele pode fazer um trabalho de corrida sem forçar a articulação, você controla a força da gravidade dentro do aparelho. Assim que ele (Fred) conseguir os parâmetros básicos para ter os movimentos de corrida, ele será liberado, mas na esteira para não forçar a articulação”, havia afirmado o médico do Cruzeiro, Sérgio Campolina, na segunda-feira (26).DUDU MACEDO/FOTOARENA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO / N/A
LADO DA EMPRESA
Em contato com o Hoje em Dia, um dos representantes da CVC, Carlos Camargo, afirmou que existe mesmo o atraso na entrega do equipamento inovador solicitado pelo Atlético.
Mas que a empresa importadora, mesmo sendo alvo de ação judicial do Galo que busca o fim da compra, tenta resolver a questão, em busca da liberação da esteira para ser mais um reforço ao complexo de equipamentos de medicina esportiva na Cidade do Galo.
"O Atlético tem uma esteira encomendada com a gente, que está em atraso. Nós estamos em atraso com o Atlético. (E houve uma ação judicial do clube?) Então, agora isso é assunto interno nosso. Mas o Atlético tem essa encomenda, sim. (...) Foi um problema nosso de atraso. Foi negociado inclusive pela última vez, não faz um mês e meio. E estamos tentando concluir agora", diz Carlos, que segue:
"Porque não virou nenhuma ação. É uma notificação que eles mandaram para a gente. E a gente vai tentar cumprir. Tanto que todas as outras esteiras que tem no mercado, foram nós que trouxemos".
O representante da importadora oficial da esteira explicou que a empresa fabricante nos EUA passou por mudanças internas, o que acarretou em dificuldades de ordem operacional. De acordo com a petição inicial do Atlético, o equipamento chegou a aterrissar no Brasil, mas ficou retida na fiscaliação de importação. Tal argumento, inclusive, é utilizado pelo próprio Atlético, na petição judicial, ao explicar os fatos da questão.
"O Clube contatou a Empresa Ré em diversas oportunidades, por meio dos funcionários (...) os quais informaram que (i) problemas internos na consolidação da importação geraram atraso na entrega do equipamento; (ii) os equipamentos haviam chegado ao Brasil, porém não foram liberados pela fiscalização, e; (iii) o setor de importação da empresa realizaria um novo pedido à fábrica", disse parte da petição do Galo.
A CVC ainda esclareceu, através de Camargo, que não fez nenhum tipo de contato com o Cruzeiro para que o clube celeste também tenha a tecnologia antigravitacional semelhante ao que é usado na NASA. Algo que, inclusive, segundo o representante da importadora, poderia acarretar em uma reclamação formal, já que eles tem contrato de exclusividade na importação do equipamento.
"Eu até poderia acionar direitos de contrato que eu tenho com a fábrica e bloquear a entrada da esteira para o Cruzeiro. Mas não tenho interesse nenhum em fazer isso. Mas acho que o Atlético recebe antes do que ele", finalizou.