Estrangeiros assumem o protagonismo nos elencos de Cruzeiro e Atlético

Após mais um dia de treinos, Jesús Dátolo, Lucas Pratto e Giorgian De Arrascaeta encontram na cuia de chimarrão um momento de descanso. Eugenio Mena e Felipe Seymour preferem um taça de vinho tinto da reserva de Cousiño Macul, nos arredores de Santiago. Já Sherman Cárdenas e Duvier Riascos se reúnem para uma bela xícara de café Juan Valdéz, o mais famoso da Colômbia.   O roteiro é fictício, mas a cada ano parece mais factível. Prova de que Atlético e Cruzeiro, como principais forças do futebol brasileiro nas últimas temporadas, expandiram os olhares para além das fronteiras nacionais na tentativa de fortalecer os elencos.   Com poder financeiro, conseguiram atrair a atenção de talentos emergentes. Os meias Cárdenas e Arrascaeta, por exemplo, foram especulados em outros grandes clubes, como Palmeiras e Internacional. Mas escolheram Belo Horizonte por um simples motivo: o sucesso dos rivais mineiros e as vitrines que são capazes de oferecer.   “Qualquer jogador da Argentina, Chile ou Colômbia fica atraído. Sabe que, em Belo Horizonte, se pratica futebol de alto nível”, avalia o empresário André Cury, um dos envolvidos nas contratações de Pratto e Arrascaeta por Galo e Raposa, respectivamente.   Para o gerente de futebol do Cruzeiro, Valdir Barbosa, outro fator determinante é o atual descompasso entre as economias do Brasil e dos demais países sul-americanos, por exemplo, tradicionais celeiros de craques. “Acredito que a condição econômica do país favorece muito nessas contratações. Outra razão é a vontade desses jogadores de atuar no futebol brasileiro. O Brasil é a porta de entrada para futuras vendas”, acrescenta o dirigente.   Atlético e Cruzeiro sempre apostaram em nomes estrangeiros para reforçar o elenco. Contudo, o que mudou foi a capacidade de trazer jogadores já renomados. Assim, as apostas são menos arriscadas.   Levir Culpi, por exemplo, tem a chance de escalar o ataque atleticano titular com três gringos. Pratto chegou com status de melhor jogador da Argentina em 2014 e já mostrou faro de gol, enquanto Dátolo é o camisa 10 inquestionável. A novidade pode ser o colombiano Cárdenas, que assinou contrato nesta quinta-feira (5).   Já Marcelo Oliveira ganhou Mena – jogador da Seleção do Chile – para substituir Egídio na lateral esquerda. No banco de reservas, o camaronês Joel é boa opção para um ataque comandado por Arrascaeta, principal contratação celeste até o momento. Ele, inclusive, ganhou condição legal de jogo e deve estrear contra a Caldense, neste domingo, pelo Estadual.