Estrelas ficam devendo futebol e frustram torcedores na Copa América

Estadão Conteúdo
05/07/2015 às 15:06.
Atualizado em 17/11/2021 às 00:46
 (Juan Mabromata)

(Juan Mabromata)

Quando Lionel Messi foi perguntar ao árbitro boliviano Roberto Orozco por que ele não marcava as faltas, ouviu a resposta: "Aqui é América, aqui se joga assim". A frase ajuda a entender uma das grandes frustrações da Copa América: os astros não brilharam tanto como se esperava. Além das dificuldades com a arbitragem e com o estilo de jogo sul-americano que Messi confessou, os problemas físicos do final da temporada também explicam as fracas atuações dos craques.

Messi achou o seu jogo no decorrer da competição, mas foi uma exceção. A lista das promessas não cumpridas passa por Neymar, Vidal, Cavani, Santa Cruz, James Rodríguez, Aléxis Sánchez e Falcao García, além de outros de menor quilate. Todos ficaram devendo.

O uruguaio Edinson Cavani foi embora sem ter marcado um golzinho sequer. Isolado com ausência de Luis Suárez (suspenso por causa da mordida em Chiellini na Copa do Mundo) e perdido em um esquema que não propunha o jogo, o atacante não justificou a fama conquistada na Europa. Pesa a seu favor o drama de ter o pai preso por envolvimento em um acidente automobilístico.

No Paraguai, equipe que eliminou o Brasil, os atacantes também foram discretos. Pouco - ou quase nada - se falou de Roque Santa Cruz, veterano especialista no jogo aéreo.

James Rodríguez, o autor do gol mais bonito da Copa do Mundo, e Falcao García, ansioso depois de ter ficado fora do Mundial por causa de uma lesão, lideravam uma Colômbia que falava como protagonista. Jogaram mais ou menos contra o Brasil, mas pouco fizeram para evitar que o país caísse nos pênaltis diante da Argentina. Somaram altos e baixos.

Entre os zagueiros brasileiros, valorizados na Europa, só Miranda se salvou e definiu a sua transferência para a Internazionale. David Luiz acabou na reserva e Thiago Silva fez um pênalti tolo que resultou no empate contra o Paraguai - o Brasil caiu nos pênaltis. Os dois são titulares no futebol francês.

Para entender esse desempenho ruim, o técnico argentino Gerardo Martino cita o aspecto físico com o final da temporada europeia. A maioria dos atletas já fez mais de 50 jogos e, nesse ponto, chega a fatura. "Era difícil terminar os jogos. Estavam todos exaustos". Dunga também bateu nessa tecla duas ou três vezes. Falou que precisava fazer muitas alterações para manter o nível físico, mas, por outro lado, prejudicava o entrosamento.

EXTRACAMPO - Algumas estrelas se destacaram por atos de indisciplina, chamando a atenção pelo que fizeram fora do campo e não por dribles e gols. Com a responsabilidade de tentar reerguer o futebol brasileiro após a Copa do Mundo como craque do time, Neymar saiu pela porta dos fundos. Foi expulso contra a Colômbia, esperou o árbitro no túnel para tirar satisfações e acabou suspenso por quatro jogos.

Sua suspensão no torneio sucedeu o drama nacional causado pelo acidente do chileno Arturo Vidal. Depois de dirigir alcoolizado e bater a sua Ferrari, Vidal perdeu a carteira de habilitação e terá de se apresentar todos os meses ao consulado chileno em Milão. Pediu desculpas e disse estar envergonhado. E não foi suspenso da seleção chilena.

Um dos lances marcantes do torneio dentro de campo também foi de indisciplina: a "mão boba" de Gonzalo Jara em Cavani no Chile x Uruguai das quartas de final. O primeiro foi suspenso do torneio. A expulsão de Cavani, que revidou, foi decisiva para a queda do Uruguai.
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