(Nelson Almeida/AFP/Arquivo)
"Eu não renunciei". Foi assim que o presidente da Fifa, Joseph Blatter, explicou a um grupo de dirigentes na noite da última quinta-feira (25) o que ele teria feito no dia 2 de junho quando anunciou a convocação de novas eleições para o comando da entidade, decisão tomada apenas quatro dias depois de vencer o pleito para seu quinto mandato.
Segundo o jornal suíço Blick, Blatter participou de uma festa para marcar o lançamento de um museu da Fifa. Com 79 anos, seu reinado passou pelo mais sério abalo quando, no dia 27 de maio, sete dirigentes foram presos em Zurique, entre eles o brasileiro José Maria Marin, ex-presidente da CBF. "Eu não renunciei", teria dito o suíço a seus interlocutores. "Eu me coloquei e coloquei meu gabinete nas mãos do Congresso da Fifa", explicou.
Sua ideia é a de convocar uma eleição extraordinária entre dezembro e fevereiro. Até lá, Blatter pretender fazer uma reforma na Fifa, algo que não conseguiu durante 17 anos no poder. Durante seu discurso do dia 2 de junho, Blatter de fato não usou a palavra "renúncia". Mas insistiu que "não seria candidato". Ele também deixou claro que "não acha que tem o mandato de todo o mundo do futebol" para continuar.
Agora, pessoas próximas a ele apontam que o cartola estaria repensando sua decisão e tentando construir alianças principalmente na África e Ásia. Fontes também apontam que dirigentes aliados a ele estariam dispostos a apresentar seu nome como o único que poderia ter o apoio de mais de 50% dos membros da Fifa.
A reviravolta deixou até mesmo seus assessores em estado de alerta. Ex-diretor de comunicação da Fifa. Walter de Gregorio foi demitido depois que se opôs a uma eventual volta do suíço ao cargo. Já o auditor da Fifa e que conduz o processo eleitoral, Domenico Scala, deixou claro que uma reforma da entidade apenas pode ocorrer se Blatter deixar o cargo.
Preso
Apesar de continuar no poder, Blatter passou todo o mês fechado em Zurique. Não viajou para acompanhar o Mundial Sub-20 na Nova Zelândia, para a Copa América, no Chile, ou ao Mundial Feminino, no Canadá. Seus advogados temem que ele possa ser interrogado à pedido do FBI e detido fora da Suíça.
Insistindo que não tem qualquer relação com os casos de corrupção, Blatter ainda assim contratou um dos principais advogados criminalistas dos Estados Unidos para o defender. Na Suíça, o Ministério Público deixou claro que poderá interrogar a cartola.
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