(Gualter Naves)
O pequeno Fábio, baixinho e franzino, no auge de sua infância, estava na escola na pacata cidade de Nobres, no interior do Mato Grosso, coordenada pela tia Arlete. Bastava uma distração, o esperto garoto fugia para quadra. O motivo era um só: jogar futebol, mesmo com as broncas da tia, que o levava de volta à sala de aula sob puxões de orelha.
Era o aviso que o menino queria ser jogador de futebol. Com o tempo, Fábio passou a colecionar títulos pela região. Despertou interesses de outros clubes até chegar o Cruzeiro, em 2000.
Sem espaço, aceitou o convite do Vasco, no qual teve passagem de destaque. E quis o destino que o camisa 1 retornasse ao Cruzeiro, em 2005. Desde a sua reestreia na equipe, naquele 29 de janeiro contra o Democrata-SL, pelo Campeonato Mineiro, muita água passou por debaixo da ponte. Do gol de costas sofrido na final do Campeonato Mineiro de 2007 até a conquista do bicampeonato brasileiro.
Hoje, dez anos depois do seu retorno, Fábio é unanimidade no Cruzeiro. Ele terá a chance de superar a marca do meio-campo Zé Carlos, que disputou 633 jogos pelo Cruzeiro, e se tornar o atleta que mais vestiu a camisa estrelada. “É muito difícil um atleta permanecer tanto tempo em um clube. Para o Fábio, o Cruzeiro é a segunda casa dele”, conta a esposa do jogador, Sandra Maciel.
Contudo, nem tudo foram flores para o goleiro. “Aquela final de 2007 foi muito difícil para ele. Não só para ele, mas para mim e o Ricardinho também, pela história que tínhamos no clube. Fábio foi massacrado e ainda sofreu a contusão. De repente ele virou o quarto goleiro do clube”, conta o companheiro de time daquela época e amigo Giovanni.
“O Giovanni foi um dos responsáveis pela conversão do Fábio. Ele o levou para igreja naquele momento difícil”, diz Cristiano Hosken, pastor da Igreja Batista Getsêmani, na região da Pampulha, local que Fábio frequenta todas as segunda-feiras à noite.
Volta por cima
As baladas, tradicionais na vida do goleiro, foram deixadas para trás. “Ele passou a ser um pessoal mais calma, centrada”, comenta Sandra.
As aventura foram trocadas pelos jogos de videogame com o filho Pablo, de 10 anos, ou pelas sessões de filme com a filha Valentina, de quatro.
O goleiro também tem paixão por cavalos, que cria em sua fazenda. E ataca de baterista nas horas vagas. Já levou até o instrumento para tocar em concentração na Toca.
Consolidado no Cruzeiro, Fábio planeja aposentar-se no clube. “Durante esses dez anos, ele teve muitas propostas. Algumas, ele nem levou para o Cruzeiro”, revela Sandra.