Falso 9: Gabriel Jesus encara a Bélgica para evitar maior jejum de gols na Seleção

“Ele está mal não é por não estar marcando gols. Ele está mal é porque não vem jogando bem. Quando sai da área tem dificuldade para dar sequência às jogadas, tem perdido muitas bolas”. A análise sobre Gabriel Jesus é de ninguém menos que Tostão, camisa 9 da Seleção na conquista do tricampeonato, no México, em 1970, e um dos colunistas mais respeitados da imprensa brasileira.

A percepção de Tostão é bancada pelos números. As completas estatísticas da Fifa mostram que Gabriel Jesus ficou em campo 348 minutos nos quatro jogos que disputou na Copa. Percorreu 37,2 quilômetros, sendo 16,2 deles com a posse da bola, deu 81 passes, sendo 62 deles certos e uma assistência, finalizou oito vezes, sendo uma na trave, mas no campo reservado aos gols, só há o zero.

Há ainda outras marcas cruéis com o camisa 9 de Tite, que tem Gabriel Jesus como seu homem de referência no ataque desde a sua primeira partida à frente da Seleção, em 1º de setembro de 2016. Um 3 a 0 sobre o Equador, em Quito, pelas Eliminatórias, com dois gols do garoto que ainda era centroavante do Palmeiras mas já estava com a transferência para o Manchester City, da Inglaterra, seu clube atual, definida.

MÉDIA

Com dez gols pela Seleção, Gabriel Jesus viu, pela primeira vez, após passar em branco contra o México, na última segunda-feira, nas oitavas, sua média de gols com a camisa amarela baixar de 0,50.

Além disso, se não balançar a rede belga hoje, estará decretando seu maior jejum de gols pela Seleção, pois nunca tinha passado cinco jogos sem marcar.

É carregando toda essa pressão nas costas que Gabriel Jesus comandará o ataque brasileiro na decisão desta sexta-feira (6) contra a Bélgica, às 15h (de Brasília), na Arena Kazan, pelas quartas de final da Copa de 2018.

AJUDA

Na sua coletiva da última quinta-feira (5) ontem, em Kazan, quando questionado sobre a situação envolvendo Gabriel Jesus e Firmino, Tite não foi claro na resposta. Na penúltima vez que falou, logo após a vitória sobre o México, ele destacou a aplicação tática de Gabriel Jesus.

Para Tostão, nem o papel de cair pelo lado do campo que o camisa 9 executou no segundo tempo contra o México, dando mais liberdade a Neymar, é suficiente para se considerar que ele tem uma boa presença no torneio.Lucas Figueiredo/CBF

Na partida contra o México, Gabriel Jesus se destacou mais pelas ações ofensivas que pela produção no ataque brasileiro

“Ele é bom jogador, tem poder de finalização, cabeceia bem, mas não conseguiu se encaixar ainda. O que fez no último jogo, de voltar para recompor o time pelo lado esquerdo, dando liberdade para o Neymar, qualquer um faz. Isso não é suficiente para garantir a titularidade na Seleção Brasileira”, analisa Tostão.

RESERVA

O grande questionamento quando se fala da situação de Gabriel Jesus é se o seu reserva, Roberto Firmino, não merece a chance como titular.
“Ele não é titular no Manchester City (reveza com o argentino Agüero o comando do ataque dos Citizens). Inclusive li uma entrevista do Guardiola em que ele fala que o Gabriel Jesus precisa evoluir em alguns aspectos, como por exemplo jogar fora da área. Ele perde muitas bolas, atrapalha a sequência das jogadas. É uma coisa que o Firmino, por exemplo, faz melhor do que ele. Executa o pivô de maneira eficiente e está acostumado a fazer isso no Liverpool”, afirma Tostão.

Se Gabriel Jesus permanece no time brasileiro, Filipe Luís, que jogou as duas últimas partidas, volta ao banco para o retorno de Marcelo à lateral esquerda, após ausência por um problema muscular nas costas.

Além disso, Fernandinho entra na vaga de Casemiro, suspenso pelo segundo cartão amarelo.
Independentemente de quem entra ou sai do time, a grande expectativa que ronda o confronto do Brasil contra a Bélgica, hoje, em Kazan, é a batalha de Gabriel Jesus para superar a retaguarda dos Diabos Vermelhos.