Faltam 200 dias para o Mundial que pode ser marcado pelos reencontros

Alexandre Simões - Hoje em Dia
24/11/2013 às 09:36.
Atualizado em 20/11/2021 às 14:20

A tarde de 29 de junho de 1950 colocou Belo Horizonte na história da Copa do Mundo, pois um time amador dos Estados Unidos impôs aos criadores do futebol, os ingleses, que estreavam em Mundiais, um surpreendente 1 a 0, naquela que é considerada a maior zebra da competição desde 1930.

O inesquecível confronto do Independência é apenas um dos 14 disputados há quase 64 anos que podem se repetir a partir de 12 de junho do ano que vem, daqui a exatos 200 dias, dependendo do sorteio das chaves, que será realizado no próximo dia 6, na Costa do Sauípe, na Bahia.

Quinto país a sediar uma segunda Copa, depois de México (1970 e 1986), Itália (1934 e 1990), França (1938 e 1998) e Alemanha(1974 e 2006), o Brasil terá em seus gramados, em 2014, dez das 13 seleções que estiveram aqui em 1950, isso levando em conta que Bósnia e Herzegovina e Croácia entram na lista por terem surgido da divisão da Iugoslávia.

Desistências

E o número era para ser maior, mas desistências, por vários motivos, tiraram do primeiro Mundial pós-Segunda Guerra três seleções que só virão ao Brasil disputar uma Copa 64 anos depois. A Argentina, uma das favoritas ao título em 2014, integraria o Grupo 7 das Eliminatórias de 1950, ao lado de Bolívia e Chile. Mas desistiu da disputa antes mesmo do seu início.

Em 1949, os argentinos já não tinham vindo ao Brasil disputar o Campeonato Sul-Americano. Por isso, a desistência não chegou a ser uma surpresa, pois a relação entre a Confederação Brasileira de Desportos (CBD) e a Associação de Futebol Argentina (AFA) na época não era das melhores.

Há ainda uma indicação de que o presidente Juan Perón foi quem vetou a participação da Argentina, pois queria a certeza de que a taça iria para Buenos Aires.

Europa

O mesmo fizeram os belgas, que brigariam com Suíça e Luxemburgo, no Grupo 4, por uma vaga. Antes mesmo de entrar em campo alegaram que a prioridade era a reconstrução do país, devastado após a Segunda Guerra Mundial.

A desistência mais curiosa foi a dos franceses. Eles chegaram a disputar o Grupo 3 das Eliminatórias, mas perderam a classificação para a Iugoslávia.

Como a Turquia, vencedora do Grupo 2, desistiu da competição por dificuldades financeiras, cerca de um mês antes da Copa, a França herdou a vaga.

Quando descobriram que num intervalo de apenas três dias jogariam em Porto Alegre, contra o Uruguai, e no Recife, contra a Bolívia, os franceses não se arriscaram a deixar Paris.

Expulsão

Outras duas seleções que estarão no Brasil no ano que vem nem tiveram a chance de participar das Eliminatórias. Logo após a Segunda Guerra Mundial, na primeira reunião da Fifa, em julho de 1946, em Luxemburgo, os dirigentes da entidade decidiram pela expulsão de Alemanha e Japão, que integraram o Eixo no conflito.

A Itália, que também fez parte do Eixo, não sofreu a punição pelo fato de o presidente da sua federação, Ottorino Barassi, ter “salvado” a taça da Copa do Mundo, toda em ouro, dos fascistas, e levado o objeto para o cofre da Fifa, em Zurique, na Suíça. O objeto é o mesmo que foi roubado da sede da CBF, no Rio de Janeiro, em 1983.

Alemanha e Itália carregam recordes de repetições

Quando se trata de partidas repetidas em duas Copas do Mundo disputadas num mesmo país, Alemanha e Itália são imbatíveis. Dos 15 confrontos que carregam essa característica, alemães e italianos estiveram presentes em 11.

A Alemanha é a recordista em todos os sentidos. Ela já viveu por seis vezes a experiência de encarar o mesmo adversário em duas Copas distintas disputadas num mesmo país. Nessa conta, entra o jogo entre Alemanha Oriental e Argentina, no Mundial de 1974.

Além disso, a Copa de 2006 foi a que teve o maior número de repetições até agora – cinco –, sendo que três envolveram os donos da casa. Com a Itália, isso aconteceu cinco vezes, sendo também três em seus domínios. Em 1990, a encarou Estados Unidos, Áustria e Tchecoslováquia, seleções que tinha enfrentado no primeiro Mundial que sediou, em 1934.

Sem chance

No Mundial do ano que vem, alemães e italianos não poderão aumentar essa lista. A Alemanha não participou da Copa do Mundo de 1950, pois estava punida pela Fifa. A Itália, que veio ao Brasil há 63 anos como bicampeã mundial, não teve sucesso em 1950. Foi eliminada ainda na primeira fase num grupo que contava com Suécia e Paraguai, seleções que não se classificaram para a festa do ano que vem.

Além de suecos e paraguaios, a terceira equipe que esteve na Copa de 1950 e não vai participar da disputa em 2014 é a Bolívia.

 



 

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