Felipe Massa mantém cautela, mas sonha com vitórias na F1

Felipe Rosa Mendes
13/03/2014 às 08:30.
Atualizado em 20/11/2021 às 16:36

Felipe Massa deixou a Ferrari no fim de 2013 com poucos motivos para comemorar. Com desempenho irregular nas últimas temporadas, era preterido pela equipe em favor do piloto espanhol Fernando Alonso e acabou sendo trocado pelo finlandês Kimi Raikkonen. Após definir sua saída da escuderia italiana, o brasileiro vislumbrou poucas oportunidades nos times maiores e acertou com a Williams, que, apesar da tradição, teve seu pior desempenho em anos no campeonato passado.

As expectativas quanto ao desempenho de Massa, contudo, sofreram uma reviravolta no início deste ano. O piloto brasileiro aproveitou o intenso investimento da equipe britânica na parte técnica para surpreender na pré-temporada e colecionar elogios da direção do time. Seu desempenho nos testes tornou a Williams uma das favoritas para a temporada de 2014 da Fórmula 1, logo atrás da Mercedes.

Mesmo assim, ele tenta manter a cautela diante desta chance de renascer na categoria. Vice-campeão em 2008, Massa revela, em entrevista por e-mail, que sonha com novas vitórias, mas mantém os pés no chão enquanto o mundo da Fórmula 1 anseia por descobrir como o novo regulamento técnico vai alterar a disputa de forças dentro das pistas. O mistério começará a ser desvendado neste domingo, em Melbourne, com o GP da Austrália, primeira das 19 etapas do calendário.

Agência Estado - Como está a adaptação ao carro da Williams? Já se acostumou com as mudanças exigidas pelo novo regulamento técnico?

Felipe Massa - Até agora, não sentimos nenhuma grande dificuldade. O carro respondeu bem às mudanças do regulamento técnico, se mostrou resistente ao longo da pré-temporada e rápido quando treinamos na configuração de classificação. Mas temos de esperar pela primeira corrida para ter um quadro fiel do nosso potencial e também dos adversários.

AE - Poupar combustível, e sacrificar o potencial dos motores, será mesmo uma preocupação durante as corridas deste ano?

Massa - Sim, em algumas provas é provável que a gente tenha de administrar muito bem essa questão para evitar o risco de uma pane seca. Outra preocupação é o consumo dos pneus, principalmente os traseiros, por causa da redução da pressão aerodinâmica e do elevado torque desses novos motores turbo.

AE - Quais são suas chances nesta nova temporada?

Massa - É difícil dizer e não gosto de fazer previsões. Prefiro manter os pés no chão. Fomos bem nos testes iniciais, o carro me agradou bastante. Estou me entendendo bem com a equipe, que se reforçou bastante na parte técnica, mas ainda é muito cedo.

AE - Você não vence uma corrida desde 2008. Acredita que 2014 será o ano em que você voltará a subir no lugar mais alto do pódio?

Massa - É claro que continuo sonhando em vencer corridas. Se não fosse por isso, já teria ido procurar outra coisa para fazer na vida. Só que é impossível arriscar palpite nessas coisas. O automobilismo é um esporte em que você depende de uma série de coisas, não é como no tênis, por exemplo. Há inúmeras variáveis que você não controla. Uma prova em que o potencial de vitória estava lá pode ser arruinada logo num toque na primeira curva. Estou confiante, bastante animado com este começo na Williams, mas temos de esperar ainda um tempo para saber como estamos na comparação com os outros.

AE - Depois dos bons resultados nos testes, a Williams é favorita para brigar pelo título?

Massa - Não dá para se falar em favoritismo de ninguém quando o campeonato ainda nem começou. As equipes ainda estão se entendendo com o novo regulamento, com a maior mudança nas regras na história da Fórmula 1. Quando se imagina que chegar ao final da corrida em Melbourne poderá ser uma vitória, diante de todas essas mudanças, se vê claramente o quanto é prematuro arriscar palpites desse tipo.

AE - A equipe tem boas chances de brigar pelo pódio já em Melbourne?

Massa - Tomara que sim, mas ainda há muita coisa antes da corrida terminar. E temos de esperar pelos treinos classificatórios, quando todos andarão nas mesmas condições - pneus novos e pouco combustível. Aí saberemos quem estará mais rápido. A corrida, como quase ninguém sabe ainda exatamente como o carro se comportará em ritmo de prova, poderá ser outra história.

AE - Após algumas semanas de trabalho em conjunto, como é o relacionamento com Valtteri Bottas (piloto finlandês que é seu novo companheiro na Williams)? Já viraram amigos?

Massa - É um relacionamento amistoso, de companheiros de equipe que sabem muito bem que devem trabalhar em conjunto pelo melhor de todos.

AE - O que muda na Williams com a chegada de Felipe Nasr como piloto reserva? Imagina uma futura dupla titular brasileira na equipe, ao lado dele?

Massa - Quem sabe? Ele terá chance de mostrar o que sabe em cinco sessões de treinos livres nas sextas-feiras. Mas sempre cabe à equipe decidir quem são seus pilotos.

AE - Como vê o retorno de uma mulher - a britânica Susie Wolff, piloto de testes da Williams - às pistas da Fórmula 1?

Massa - É sempre legal ver uma mulher nas pistas. Ela também deve participar de alguns treinos neste ano e certamente vai chamar muita atenção, porque há muito que uma mulher não andava na Fórmula 1.

AE - A Red Bull decepcionou nos testes da pré-temporada e já tem gente que coloca o tetracampeão Sebastian Vettel fora da briga pelo título. Você acha que a equipe poderá surpreender no decorrer do campeonato?

Massa - Equipes do tamanho da Red Bull têm a capacidade de reagir rapidamente. Não dá para negar que a equipe enfrentou muitas dificuldades na pré-temporada, bem como as outras que usam o motor Renault, mas não se pode descartar nada a esta altura de um campeonato que sequer começou. Muito menos uma dobradinha campeã como a Red Bull e Sebastian Vettel.
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